Dólar tem maior nível em 4 anos
A cotação operou em alta durante todo o dia, que não teve intervenções do Banco Central. Por volta das 12h, o ritmo de aumento do dólar diminuiu e chegou a valer R$ 2,2595, na mínima do dia. No entanto, a moeda norte-americana subiu ainda mais nas horas seguintes até encerrar a sessão no valor mais alto do dia.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a alta do dólar é um movimento internacional que afeta tanto o Brasil como o resto do mundo. Ele disse que a volatilidade no câmbio é resultado da mudança de postura do Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano e que a turbulência no mercado financeiro só passará depois da acomodação dos capitais internacionais.
“Este é um movimento internacional. O Brasil, como os outros países, está no mesmo barco. Se nós olharmos nas últimas 24 horas, outras moedas se desvalorizaram mais do que o real. Então temos que esperar que haja uma acomodação da situação, uma adaptação às novas condições criadas pelo Banco Central americano”, declarou o ministro ao voltar de reunião com a presidenta Dilma Rousseff.
Segundo Mantega, o dólar está subindo porque os investidores estão se antecipando a um possível aumento de juros nos Estados Unidos, retirando capitais dos países emergentes para aplicar em bônus dos títulos do Tesouro norte-americano, que poderão passar a render mais. Ele classificou ainda de exagerada a reação do mercado.
“Os mercados exageram até se antecipam aos movimentos. Em algum momento, isso vai sofrer uma acomodação porque vai ter juros mais altos dos treasuries [títulos do Tesouro norte-americano]. É uma maneira de se antecipar ao aumento de juros nos Estados Unidos. Somente então, os capitais vão se posicionar perante a possibilidade de lucros nos vários países”, acrescentou o ministro.
Há mais de um mês, o mercado financeiro global enfrenta turbulências por causa da perspectiva de que o Fed reduza os estímulos monetários para a maior economia do planeta. Ele poderá aumentar os juros e reduzir as injeções de dólares na economia global caso o emprego e a produção nos Estados Unidos mantenham o ritmo de crescimento e afastem os sinais da crise econômica iniciada há cinco anos.
A instabilidade piorou depois de Ben Bernanke, presidente do Fed, ter declarado, há duas semanas, que a instituição pode diminuir a compra de ativos até o fim do ano, caso a economia dos Estados Unidos continue a se recuperar. Se a ajuda diminuir, o volume de moeda norte-americana em circulação cai, aumentando o preço do dólar em todo o mundo.