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Duas em cada cinco crianças viverão na África em 2050

Duas em cada cinco crianças viverão na África nos próximos 35 anos, estima relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) que, por isso, apela por investimentos na geração mais nova do continente.

“As elevadas taxas de fecundidade e o número crescente de mulheres em idade reprodutiva significam que, ao longo dos próximos 35 anos, perto de 2 milhões de bebês vão nascer na África”, destaca o documento  Geração 2030/Relatório sobre África, apresentado hoje (12) em Joanesburgo, na África do Sul.

As projeções do Unicef mostram que, em 2050, cerca de 40% de todos os nascimentos devem ocorrer na África, onde o número de crianças chegará perto de 1 bilhão.

“O futuro da humanidade é cada vez mais africano”, destaca o Unicef, classificando o previsível aumento sem precedentes da população infantil como oportunidade única para os responsáveis políticos definirem “uma estratégia de investimento centrada na criança”, que se traduza em benefícios para África e o mundo.

Em 2015, mais de metade da população de 15 países africanos terão menos de 18 anos, incluindo Angola (54%) e Moçambique (52%).

O relatório chama a atenção para a Nigéria, onde já se verifica o maior número de nascimentos do continente e que, segundo as estimativas, em 2050 “contabilizará quase 10% cento dos nascimentos em nível mundial”. A população nigeriana será 2,5 vezes maior, devendo atingir 440 milhões de habitantes em 2050, e os menores de 18 anos aumentarão de 93 para 181 milhões.

Dos 54 países africanos, a Nigéria é o exemplo mais relevante, porque representa 16% da população regional, mas todo o continente está em transição demográfica.

Moçambique está também entre os países que, até 2050, mais contribuirão para o aumento populacional na África, devendo crescer em 33 milhões de habitantes. Os atuais 14 milhões de crianças do país lusófono aumentarão em 11 milhões.

A urbanização crescente do continente fará com que a maioria dos africanos viva em cidades, antecipa o documento. Se dentro de um ano, 40% da população africana habitarão em contextos urbanos, esse índice deverá aumentar para 60% até 2050.

Em 2015, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe estarão em sexto e oitavo lugares, respectivamente, entre os países africanos com maior percentual de população urbana. Cabo Verde será também um dos mais densamente povoados.

Em comunicado, Leila Gharagozloo-Pakkala, diretora regional do Unicef para a África Oriental e Austral, espera que as projeções sirvam de “catalisador para um debate internacional, regional e nacional sobre as crianças africanas”. Isso porque, segundo ela, o investimento nas crianças de hoje – na sua saúde, educação e proteção –  traria vantagens econômicas a um continente onde, apesar da melhoria, ocorre metade de todas as mortes infantis do mundo.

Na África, uma em cada 11 crianças morre antes dos 5 anos, taxa 14 vezes superior à média dos países de rendimento elevado, lembra o Unicef, estimando que, a manter-se esse panorama, a mortalidade infantil “pode subir para próximo dos 70% em 2050.

“As alterações demográficas profundas pelas quais a população de crianças africanas vai passar estão entre os problemas mais importantes que o continente enfrenta”, mostra o relatório. “Se o investimento nas crianças africanas não for considerado prioritário, o continente não conseguirá aproveitar plenamente essa transição demográfica”, alerta Manuel Fontaine, diretor regional do Unicef para a África Ocidental e Central.

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