E o Oscar vai para…

Se de boas intenções o inferno está cheio, Brasília – além da bandalha que infesta o Parlamento e ora estende seus tentáculos e inoculam do mesmo veneno alguns membros das mais altas Cortes – está superlotada de “artistas” que deixariam ícones do cinema, do teatro e da TV, como Lima Duarte, Marco Nanini, Fernanda Montenegro, Marília Pera, Tereza Rachel (para citar somente os ainda vivos) envergonhados, pois alunos do jardim de infância da escola de atores.

A presidente Dilma Rousseff e o Ministro do STF, Celso de Mello, deram mostras de que o Oscar de melhor “atuação” é o prêmio a que concorrem.

Esta seria exatamente a pauta de minha crônica de hoje. Socorrem-me, para tanto e com pensamentos similares, o colunista Paulo Sant’Ana (em dia de rara lucidez) e o ex-ministro do STF, meu Mestre de Direito Constitucional, no início dos anos 70, na Faculdade de Direito da PUC.

No meu entender, demonstrado e mais do que provado ficou de que o Ministro, desde as primeiras Sessões do julgamento da Ação Penal 470 encenava autêntica ópera bufa. Ele conseguiu jogar para a plateia antes, quando condenara rigorosamente todos os mensaleiros, inclusive José Dirceu, mas também agora jogou para adular o poder, decidindo com seu voto que o julgamento vai para as calendas, não haverá mais justiça. Celso de Mello e o Supremo Tribunal Federal nos enganaram muito bem com um excelente jogo duplo. São mestres na cena oblíqua de agradar ao mesmo tempo aos vassalos integrantes da opinião pública e aos senhores do poder que se banham nas águas cálidas da impunidade. Foram perfeitas a tragédia e a comédia engendradas e encenadas pelo veterano ministro Celso de Mello e pelo STF.

De outra banda, a presidente Dilma Rousseff, em seu discurso na abertura da 64ª Assembleia Geral da ONU, não poderia deixar passar em brancas nuvens a sua performance teatral. Que belo jogo de cena! O tom inadequado do discurso soa como tentativa de exibir suposta altivez, com referência à espionagem de que fora vítima pela CIA, quando se valendo de um expediente de evidente endereço eleitoral (que, aliás, tem sido reconhecido por gregos e troianos), meteu bronca no presidente Barak Obama e nos seus Serviços de Inteligência – claro, sem dar nome aos “bois”.

Depois da xingação veio a louvação. Dilma prosseguiu fazendo o elogio do seu próprio governo com a pretensão de incentivar investimentos estrangeiros. Com todas as vênias, parece-me que o expediente chega às raias da infantilidade. O discurso proferido em Nova York se destinava à pretendida reeleição. Convém lembrar que, não faz muito, a senhora presidente declarou sem rebuços que na campanha ela seria uma “fera”.

Em síntese, o Oscar de melhor ator/atriz entre Celso de Mello e Dilma Rousseff será disputado na apuração de quem foi mais prestidigitador.
Ou será no palitinho?

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