E o Zé, qual dos projetos ele acha que pode salvar o Estado?

Na discussão sobre a crise gaúcha, a mídia tem se dedicado muito mais às divergências entre segmentos e suas propostas, do que ao aprofundamento do debate em torno do que realmente interessa, ou seja, a própria crise e suas possíveis soluções. Esta tal divergência entre empresários e políticos, porém, não passa de um equívoco. Pois a verdade é que surgem políticos – legitimamente – de qualquer segmento social, inclusive da classe empresarial.

Afinal, qual é a diferença entre um político e um empresário? A sabedoria popular ensina: a roupa da vitrine é o político e a do estoque é o cidadão comum. Basta expor a do estoque na vitrine para que virtudes e defeitos fiquem à mostra.

Sendo assim, o que temos de fazer nesta hora de equivocada disputa entre os projetos que se propõem a salvar o Rio Grande é nos despirmos de vaidades e fazermos a única pergunta que vale a pena: e o Zé, que elege o político e espera que ele represente sua vontade; que empresta sua força de trabalho e sua capacidade de consumo ao empreendedor, afinal, o que tem a dizer? A resposta a esta prosaica questão é a chave.

Mas é preciso, em primeiro lugar, ter a coragem de informar ao povo que a crise gaúcha não se resolverá a curto prazo e muito menos sem a quebra de velhos paradigmas, sem redesenhar as estruturas e inverter a lógica: o orçamento, hoje divorciado da realidade financeira, só será uma peça real se, ao ser proposto, partir do seguinte questão: quanto custa a dignidade do Zé? Se não for assim, o orçamento, que é apenas um discurso com preço, também jamais autenticará uma falação de campanha e muito menos uma proposta de consertar o Estado.

E tal proposta nunca passará de oportunismo eleitoral ou de mero socorro ao próprio patrimônio. O Zé quer saber: até que ponto os segmentos sociais que estão em posição decisória e privilegiada têm competência para construir uma proposta conjunta, que tenha por objetivo último o desenvolvimento do Estado a partir do financiamento público da dignidade das pessoas e que, evitando o oportunismo selvagem, possam visualizar perspectivas de longo prazo? Então, não adianta empresários e políticos discutirem o tamanho do estado, porque o Zé não está preocupado com isso, desde que o estado tenha o tamanho exato para priorizar o atendimento das suas necessidades mínimas, em termos de saúde, educação, geração de trabalho e renda.

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