Empresários do ramo imobiliário e de gastronomia eram líderes de facção criminosa que executava rivais no Litoral do RS
Policial

Empresários do ramo imobiliário e de gastronomia eram líderes de facção criminosa que executava rivais no Litoral do RS

A Polícia Civil gaúcha, por meio da 2° Delegacia de Investigações do Narcotráfico (2ªDIN/Denarc) e da Delegacia de Polícia de Torres, em ação conjunta com o Ministério Público do RS e Polícia Civil de Santa Catarina, deflagrou nesta semana a Operação Policial Turrim.

O objetivo foi desarticular uma associação criminosa armada interestadual, com prisões, bloqueio de contas bancárias, sequestro de veículos de luxo e apreensão de bens e valores em espécie, visando à descapitalização do grupo criminoso.

Foram executadas 140 medidas cautelares, entre prisões preventivas, temporárias, buscas e apreensões domiciliares, sequestro de veículos, uso provisório como viaturas descaracterizadas e bloqueios de contas bancárias em dois Estados e 18 municípios.

A ofensiva policial teve 53 pessoas presas, 43 armas apreendidas e 24 bloqueios de contas bancárias. Também foram apreendidos carros de luxo, drogas, munições, celulares e dinheiro.

Dentre os alvos de prisão preventiva, estão um advogado criminalista, um ex-policial militar e dois empresários.

Ao todo são 65 mandados de prisão, que estão sendo cumpridos simultaneamente em Porto Alegre, Cachoeirinha, Alvorada, Viamão, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Lajeado, Campo Bom, Estância Velha, Capão da Canoa, Morrinhos do Sul, Torres, Três Cachoeiras e Mampituba (RS); e em Praia Grande, Passo de Torres, Araranguá e São João do Sul (SC).

Nesta operação foram combatidos delitos de tráfico de drogas, associação para o tráfico, associação criminosa armada, homicídios qualificados (pelo menos cinco casos consumados), porte ilegal de munições e armas de fogo, posse irregular de armas de fogo e corrupção de menores.

De acordo com os delegados Rafael Delvalhas Liedtke, titular da 2ªDIN/Denarc, e Marcos Vinicius Muniz Veloso, titular da DP/Torres, as investigações iniciaram há mais de 12 meses, quando os policiais civis efetuaram o cumprimento de mandado de busca e apreensão no interior de cela de detento de alta periculosidade, preso na Penitenciária Estadual de Montenegro.

A partir dessa diligência, após autorização judicial em cautelar representada pela Autoridade Policial, as diligências investigativas que se seguiram demonstraram a existência de uma associação criminosa armada muito bem estruturada, especializada no cometimento dos crimes de tráfico de drogas, homicídios qualificados e porte ilegal de munições e armas de fogo, com base no município litorâneo de Torres e seus arredores (Mampituba, Três Cachoeiras e Morrinhos do Sul), mas com ramificações também no Estado vizinho de Santa Catarina (Passo de Torres, Praia Grande, Araranguá e São João do Sul).

Segundo o que foi apurado, dois dos principais alvos da ofensiva policial deflagrada (empresários do ramo imobiliário e de gastronomia) exerciam funções de liderança no grupo criminoso, tendo ocorrido execuções de desafetos e de traficantes de facção rival, justamente com o intuito de monopolizar a venda de entorpecentes na região litorânea gaúcha.

Com os lucros obtidos com a mercancia das drogas, essas lideranças, na posse das maiores quantias, sustentavam verdadeiras vidas de luxo, adquirindo veículos de alto valor agregado, residindo em apartamentos situados em bairros nobres, próximo ao mar, além de realizarem gastos com viagens e compras de terrenos e imóveis.

Alguns dos indivíduos que também se locupletavam do tráfico de drogas já se encontravam presos no sistema penitenciário, onde utilizavam os lucros para obterem regalias nos estabelecimentos prisionais.

Além de todos esses graves fatos (pelo menos cinco homicídios consumados identificados e com autoria apontando para o grupo criminoso), sabe-se que parte do lucro auferido com a venda de entorpecentes retroalimenta o próprio tráfico de drogas e de armas.

Um dos principais alvos da operação, considerado o “gerente” do grupo criminoso, já se encontra preso na Penitenciária Modulada de Montenegro.

Ele tem 34 anos de idade, ostenta antecedentes policiais por homicídio qualificado (6 indiciamentos); associação para o tráfico de drogas; associação criminosa (3 vezes); coação no curso do processo; corrupção de menores; furto qualificado (5 vezes) e ameaça (2 vezes).

Mesmo estando no sistema penitenciário, foi executado novo mandado de prisão preventiva em seu desfavor, desta vez em decorrência da presente investigação.

As medidas cautelares executadas pelos policiais civis foram expedidas pela Vara Criminal da Comarca de Torres, após parecer favorável exarado pelo Dr. Promotor de Justiça do Ministério Público Estadual, oficiante perante aquela Vara e com atribuição para o Feito.

Aproximadamente 250 policiais civis da PC/RS participaram da ação.

Os investigados presos respondem ao Inquérito Policial instaurado na 2ª DIN/Denarc, que apura delitos de tráfico de drogas (artigo 33 da Lei n° 11.343/2006, pena máxima até 15 anos de reclusão); associação para o tráfico de drogas (artigo 35 da Lei n° 11.343/2006 – pena máxima até 10 anos de reclusão); posse e porte ilegal de munições e armas de fogo (artigos 12, 14 e 16 da Lei n° 10.826/03, penas máximas até 12 anos de reclusão); corrupção de menores (artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente – pena máxima prescrita de até 4 anos de reclusão).

Já os homicídios qualificados (artigo 121, parágrafo 2°, do Código Penal – pena máxima até 30 anos de reclusão) estão sendo apurados em procedimento próprio, perante a Delegacia de Polícia de Torres.

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