Enfrentamento ao tráfico requer “ações tristes”, diz Beltrame
De acordo com Beltrame, a expansão das unidades de pacificação incomoda o tráfico de drogas, que reage à perda de domínio nas favelas ocupadas atacando policiais. O secretário classificou os ataques, que já vitimaram três policiais militares em serviço somente este ano, como “terrosismo” e prometeu trabalhar pelo fim da “tirania” do tráfico sobre a população nas comunidades.
“Essas [os ataques] são mais uma ação tirana e covarde do tráfico de drogas que se vê com espaço diminuído. Agora, não serei leviano em dizer que não teremos ações tristes e desagradáveis no decorrer desse processo [de enfrentamento]”, declarou, antes de esclarecer quais seriam as ações: “Tiros. coisa com a qual o Rio convive há 30 anos e nunca ninguém fez nada”. Segundo ele, não há como retirar imediatamente armas ilegais das ruas.
O secretário não explicou como o governo pretende proteger a população durante as eventuais “ações tristes e desagradáveis”. Afirmou, porém, que os resultados da política de segurança atual são “concretos e efetivos” a violência nas comunidades, que vitimou também o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, torturado e morto por PMs, não podem ameaçar a expansão das UPPs. “Estamos longe do ideal. Mas as comunidades ocupadas estão muito melhores do que eram”, declarou.
Beltrame reconheceu a fragilidades nas unidades do Complexo do Alemão, na zona norte, e na Rocinha, na zona sul e disse que a solução passa pela urbanização. “Estamos com alguns problemas, em duas áreas de um total de 38. São as duas áreas mais populosas, com cerca de 100 mil habitantes cada”, afirmou. Ele cobrou obras de acessibilidade nas favelas que facilitem o trânsito e a entrada de carros. Para ele, a situação deixa os policiais mais vulneráveis aos ataques.
“São áreas imensas, de uma total desordem urbana. É muito mais fácil atacar a polícia em um beco do que em lugar onde exista visibilidade e acessibilidade”, afirmou.
O governador do estado, Sérgio Cabral, que acompanhou a operação na Vila Kennedy do centro de comando, também defendeu a manutenção da política das UPPs. “É uma [UPP] após a outra, reforçando [ao mesmo tempo] aquelas onde há problemas, como a Rocinha e Alemão e que eram as centrais de duas facções criminosas e onde a complexidade é maior”, afirmou.
Sobre a instalação da nova UPP, na zona oeste, o secretário de Segurança do Rio disse que a operação envolveu 260 policiais. Desde a madrugada, foram presas pelo menos oito pessoas, sendo três em flagrante e as demais com mandado. Ações paralelas foram realizadas em 20 comunidades do entorno. As aulas foram suspensas nas escolas municipais e estaduais.