Colunistas

Equivocado apologismo

Nunca, em tempo algum, o cidadão brasileiro se viu tão achincalhado, humilhado e reduzido a reles estrume aos olhos da horda de maus políticos que ora assola os parlamentos e, eventualmente, até mesmo algumas cortes de conta do País. Não poucos deles ousam afirmar, do alto de sua soberba, que estão se lixando para a opinião pública.

De onde vem essa desfaçatez, esse – para sermos condescendentes, – desvio de conduta? Exatamente da educação que tiveram em seus lares. Se daquela corriola houver algum que sequer conheceu o pai, a mãe – ou quem por ele zelasse na infância primeira – ah, isso ele teve! Porém, os valores da retidão, da ética e da moral enveredaram-se por descaminhos. Passaram-lhes a mão sobre a cabeça a cada pequena contravenção aos costumes. Conheceram, desde tenra idade, a malfazeja expressão: impunidade! Não é o poder que corrompe o ser humano. Se assim fosse, não haveria político ou homem público a quem se pudesse apontar como exemplo de probidade.

Exemplo daquilo é o jovem de 14 anos, no município de Viamão, que pichou as paredes recém-pintadas de sua escola, reparo que havia contado com meses de economia oriunda de arrecadação entre os próprios alunos.

Descoberta a autoria, uma professora determinou que o pequeno rebelde – a quem ela publicamente chamou de “bobo da corte” – apagasse as marcas e fizesse retoques na pintura de outras salas de aula do referido educandário. A punição, gravada em vídeo por colegas, foi entregue aos inconformados, revoltados e ofendidos pais do pichador.

A gravação – ouso opinar – não fora imbuída, num primeiro momento, do espírito denunciativo! Ela corrobora exatamente o que a professora qualificou o aluno pichador: – de “bobo da corte”; aquele que diverte os demais com suas chalaças e momices; tolo, o que, aos olhos dos “cinegrafistas de plantão”, ele, de fato, representava.

Aos pais do jovem estudante seria de se esperar – não penalizá-lo com a suspensão de mês das baladas ou da prática do futebol dos fins de semana, seria a dupla punição por uma só infração – o dever de referendar a punição a ele imposta pela professora. A atitude que decidiram tomar se assemelha à da família de Ilana, Cesar Gallo e o rebelde filho Zeca, personagens da novela recém-finda, O Caminho das Índias, ou seja, uma apologia à impunidade.

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