Equivocado apologismo
De onde vem essa desfaçatez, esse – para sermos condescendentes, – desvio de conduta? Exatamente da educação que tiveram em seus lares. Se daquela corriola houver algum que sequer conheceu o pai, a mãe – ou quem por ele zelasse na infância primeira – ah, isso ele teve! Porém, os valores da retidão, da ética e da moral enveredaram-se por descaminhos. Passaram-lhes a mão sobre a cabeça a cada pequena contravenção aos costumes. Conheceram, desde tenra idade, a malfazeja expressão: impunidade! Não é o poder que corrompe o ser humano. Se assim fosse, não haveria político ou homem público a quem se pudesse apontar como exemplo de probidade.
Exemplo daquilo é o jovem de 14 anos, no município de Viamão, que pichou as paredes recém-pintadas de sua escola, reparo que havia contado com meses de economia oriunda de arrecadação entre os próprios alunos.
Descoberta a autoria, uma professora determinou que o pequeno rebelde – a quem ela publicamente chamou de “bobo da corte” – apagasse as marcas e fizesse retoques na pintura de outras salas de aula do referido educandário. A punição, gravada em vídeo por colegas, foi entregue aos inconformados, revoltados e ofendidos pais do pichador.
A gravação – ouso opinar – não fora imbuída, num primeiro momento, do espírito denunciativo! Ela corrobora exatamente o que a professora qualificou o aluno pichador: – de “bobo da corte”; aquele que diverte os demais com suas chalaças e momices; tolo, o que, aos olhos dos “cinegrafistas de plantão”, ele, de fato, representava.
Aos pais do jovem estudante seria de se esperar – não penalizá-lo com a suspensão de mês das baladas ou da prática do futebol dos fins de semana, seria a dupla punição por uma só infração – o dever de referendar a punição a ele imposta pela professora. A atitude que decidiram tomar se assemelha à da família de Ilana, Cesar Gallo e o rebelde filho Zeca, personagens da novela recém-finda, O Caminho das Índias, ou seja, uma apologia à impunidade.