Esse iraquiano é mesmo de araque

No dia 14 de janeiro de 2009, em meio à turbulência e o caos político-econômico que devassa os Estados Unidos da América, Barak Obama estará assumindo a cadeira presidencial. Encerrar-se-ão os capítulos da história do mais desastrado e inarticulado dos presidentes da história republicana daquele país: George W. Busch.

O ideal, neste interregno, seria Busch recolher-se ao silêncio da Casa Branca e limpar suas gavetas. Decidiu, no entanto, realizar no domingo, 14, uma visita-surpresa ao Iraque, onde assinou um histórico acordo de segurança que determina a retirada das tropas americanas do Oriente Médio até o final de 2011. Foi, entretanto, um incidente inusitado que marcou sua visita. O jornalista iraquiano, Muntadar al-Zeidi, atirou, de uma distância de seis metros, os seus sapatos contra Busch. E errou!

A desastrada história do clã Busch começa em 1942, quando George H. W. Bush (o papai Bush), um jovem recém saído do secundário, aproveita-se da influência de seu pai, o Senador Prescott Bush (vovô Bush), para passar por cima dos regulamentos da marinha estadunidense – que exigiam um mínimo de dois anos completos de faculdade para os candidatos a piloto – e torna-se o “mais jovem piloto da aviação naval”. As conseqüências desse privilégio chegam dois anos depois. Em 02/09/1944, quando o bombardeiro TBM Avenger que pilotava é atingido, o jovem entra em pânico e salta precipitadamente, deixando para trás os dois outros membros de sua tripulação, que jamais conseguiriam sair do aparelho e afundariam com ele para a morte e o esquecimento.

Os oito anos de George W. Bush à frente do governo dos Estados Unidos estão acabando exatamente como começaram: com o chefe supremo da nação aparecendo em rede nacional de TV para alertar que o país enfrenta uma crise sem precedentes. Em 2001, seu primeiro ano como presidente, Bush foi à TV logo após os ataques de 11 de setembro para avisar aos americanos que tempos difíceis estavam por vir. Era o começo da chamada “Guerra contra o Terrorismo”. Agora, em 2008, seu último ano na Casa Branca, o mesmo Bush volta a usar a cadeia nacional para dizer, mesmo a quem não queria ouvir, que a economia dos Estados Unidos corre risco de entrar em colapso. É um fim ainda mais melancólico do que já se vislumbrava. Um 11 de Setembro ainda mais assustador. Mais um motivo para os historiadores se debruçarem sobre a inesquecível e incomparável Era Bush.

Se apenas papai Bush tivesse pego Bushezinho no colo, olhado em seus olhos e dito: “Filho, papai errou. Papai teve medo e saltou daquele avião. Nós, humanos, somos assim mesmo: imperfeitos… Aceita, filho, tuas limitações; como eu aceito as minhas… Talvez Bushezinho fosse menos infeliz, e o mundo tivesse um tirano a menos.

Ou, ainda, aquele jornalista iraquiano não precisaria mostrar ao mundo que era tão ruim de mira!

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