Educação

Estudantes de Osório são destaque em eventos científicos nos EUA

13087386_1143811675649745_7324347961536261115_nSe conhecimento pagasse excesso de bagagem, teria saído caro o desembarque dos estudantes Maria Eduarda Santos de Almeida e João Vitor Kingeski Ferri, do 4° ano do curso Técnico em Administração Integrado ao Ensino Médio do Campus Osório, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS). Acompanhados da professora-orientadora Flávia Twardowski, a dupla aterrissou em solo gaúcho no último sábado, dia 14 de maio de 2016, depois apresentara pesquisa ‘Palmeira Juçara: aproveitamento integral do fruto como alternativa de preservação ambiental e promoção de impactos econômicos e sociais positivos’ em dois eventos científicos nos Estados Unidos.

Muitos reconhecimentos vieram dentro da mala, mas a maior conquista não pode ser vista nas fotos postadas nas redes sociais: “Foi uma experiência incrível e inesquecível. Nada vai se comparar ao aprendizado e a troca de conhecimentos que tivemos. O contato com pessoas ilustres, como os Nobel de medicina e de química, foi algo que jamais havia imaginado. E a convivência com diversas culturas é algo emocionante. Sem dúvida somos pessoas diferentes depois de passar por essa experiência” – ressalta  João Vitor.

Foram dois eventos em 18 dias. Na I-Sweeep, realizada em Houston, de 26 de abril a 1º de maio de 2016, os jovens pesquisadores conquistaram medalha de bronze na categoria Engenharia. De 8 a 13 de maio, na Intel Isef, sediada em Phoenix, que reúne anualmente cerca de 1,7 mil estudantes de 77 nações do mundo, a dupla foi destaque entre os três melhores trabalhos das Américas em Inovação Social – premiação concedida pela Organização dos Estados Americanos (OEA) por ser um “projeto de alto impacto em tecnologia e engenharia e ter grande contribuição para a redução da desigualdade e da pobreza da sua região”. Além disso, obteve o 4º lugar na categoria Engenharia Ambiental. No intervalo de um evento e outro, os estudantes e a orientadora participaram de um workshop na Intel do Brasil, em São Paulo, junto à delegação que representou o Brasil.

A comemoração da primeira conquista foi em 30 de abril, na cerimônia de encerramento da I-SWEEEP – maior feira mundial de sustentabilidade voltada para questões relacionadas à energia, engenharia e meio ambiente, onde o projeto do Campus Osório era o único representante do Estado no evento, com credenciamento obtido em 2015 na 30ª Mostra Brasileira e Internacional de Ciência e Tecnologia – Mostratec -, realizada em Novo Hamburgo/RS.

Já na Intel Isef, maior feira de ciências e engenharia pré-universitária do mundo, foram dois momentos de euforia: na tarde de 12 de maio, na Premiação OEA-Intel, que reconheceu os projetos e estudantes de destaque das Américas, e na Cerimônia dos Grande Prêmios, realizada no fechamento do evento, quando são anunciadas as classificações dos projetos por categoria.

A delegação brasileira conquistou 19 prêmios no total, sendo o 4º país mais laureado, atrás apenas dos EUA, Canadá e Taiwan. O principal reconhecimento da feira foi para um IF, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul – Campus Aquidauana, com a pesquisa do estudante Luiz Fernando da Silva Borges. Além do projeto do Campus Osório, mais quatro trabalhos do RS participaram da feira, de escolas de Novo Hamburgo e Esteio, e três deles foram premiados.

Sobre a pesquisa

O projeto transforma os resíduos do fruto da palmeira Juçara (Euterpe edulis Martius), espécie ameaçada de extinção pelo corte do ilegal do palmito. Colabora para a preservação ambiental e gerando impactos econômicos e sociais positivos para as famílias que moram junto à área de Mata Atlântica, no litoral Norte do RS, e atuam na extração do fruto conhecido como ‘açaí da Mata Atlântica’.

“A grande quantidade de resíduo resultante do beneficiamento (81% do fruto) e, consequente acúmulo de lixo orgânico, provoca inúmeros impactos ambientais, entre os quais a contaminação do solo e da água e a emissão de gases de efeito estufa. A pesquisa propõe que da casca seja feita uma farinha para complementação em produtos de panificação, e do caroço, que correspondente a 95% do resíduo, carvão ativado para aplicação na filtragem da água de poço da população da zona rural da região, que não conta com serviços de tratamento de água e esgoto” – explica a jovem cientista Maria Eduarda.

A farinha resultante da casca é rica em fibras e com alto teor de proteínas. O carvão ativado desenvolvido apresentou excelente desempenho, reduzindo a turbidez e a concentração de ferro e manganês – substâncias que, quando ingeridas, causam doenças nos rins, fígado e coração. Além disso, é 85% mais barato do que produtos similares encontrados no mercado para a filtragem da água.

Outros reconhecimentos

A pesquisa já recebeu diversos prêmios em eventos científicos do país, entre os quais destacam-se os recebidos em março deste ano na 14° Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizada na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP): 1º lugar na área de ‘Ciências Exatas e da Terra’; prêmio ‘Destaque nas Unidades da Federação’, que o definiu como o melhor projeto do Estado do Rio Grande do Sul frente a 35 trabalhos presentes na feira; a ‘Menção Honrosa de Ciência e Tecnologia’ da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco); duas bolsas do CNPq; e o ‘Prêmio Intel Isef’, que garantiu credenciamento, passagens e a hospedagem para participar da feira.

Participações na Intel Isef

Foi o segundo ano consecutivo em que o IFRS – Campus Osório levou um projeto para o evento. Em 2015, Flávia Twardowski, acompanhou o estudante Alessandro Hippler Roque, que foi agraciado com duas menções honrosas com o projeto ‘Reaproveitamento de subprodutos agroindustriais no desenvolvimento de produto enriquecido com fibras para celíacos’. “Não há palavras que possam descrever o sentimento de orientar um trabalho científico que representa o nosso país. Os aprendizados absorvidos e a emoção de ouvir a palavra Brasil tantas vezes faz o coração parecer saltar à boca” – enfatiza a orientadora.

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Gabriela Morél

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