Falta apenas o “reizinho” ou….

Cai o rei de Espadas
Cai o rei de Ouros
Cai o rei de Paus
Cai, não fica nada…
Ivan Lins – Cartomante

Na segunda-feira, 12 de novembro, o Brasil assistiu, ao vivo, uma legítima e raciocinada jogada de Mestre, somente comparável às do campeão dos campeões, o enxadrista russo, Gary Kasparov, fruto da iluminada inteligência do Ministro do STF, Joaquim Barbosa, relator da Ação Penal 470, em curso naquele Tribunal.

Na pauta previa-se a definição das penas aos réus condenados, respectivamente, do núcleo financeiro e do núcleo político do malfadado mensalão.

A sessão começou com novo atrito entre Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, que voltou “pronto” para definir as penas dos réus ligados ao Banco Rural. Porém o relator decidiu pronunciar primeiro as decisões referentes ao núcleo político. A escolha irritou o revisor: – Toda hora o senhor traz uma surpresa.

Barbosa rebateu ao dizer que ficava surpreso com a “lentidão” do colega. O bate-boca terminou com a intervenção do presidente do Supremo, Ayres Britto, que autorizou ao relator apontar a punição dos petistas.

Barbosa – repito –, com legitimada e singular maestria ao inverter a pauta, aplicou um jato de água fria às pretensões do mais que julgador, autêntico advogado de defesa, Ricardo Lewandowski, em procrastinar o ritmo processual dos votos da dosimetria das penas, sobretudo, os destinados aos réus do núcleo político, José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares.

A inteligente estratégia de Joaquim Barbosa derruiu os planos de Lewandowski, suscitando neste o incontido desespero e a cólera, evidenciados, de forma inequívoca, no seu semblante. Percebendo-se derrotado, tal moleque que vê sua coleção de bolitas se transferirem para as mãos do adversário no jogo de gude, num pueril “Assim não jogo mais!”, arrogante e intempestivamente Ricardo Lewandowski abandonou o julgamento. Tudo em vão: Dirceu, Genoíno e Delúbio veriam, naquela emblemática segunda-feira, anunciadas as dosimetrias de suas penas.

A face sombria do indivíduo Ricardo Lewandowski transpareceu – uma vez mais – na quarta-feira, 14, quando das justificativas de seu voto, aí sim, ao núcleo financeiro do Banco Rural, que ele havia “aprontado”, assim pensava o Ministro, para o dia 12, antes, portanto, da definição das penas ao núcleo político: longas e improfícuas tergiversações acerca de questões que já haviam sido abordadas quando do processo de conhecimento, com o fim precípuo de alongar, quem sabe, para os dias finais de novembro a definição das penas do núcleo político. Somente para reavaliar (naquele momento sem quaisquer consequências jurídicas e legais) o seu julgamento quanto ao réu José Roberto Salgado, Lewandowski consumiu mais de 50 minutos, sem considerar a trapalhada na perda de documentos dos quais pretendia se valer. Simplesmente patético. PA-TÉ-TI-CO!

Mas, enfim, José Dirceu, José Genuíno e Delúbio Soares – os “reis” de Espadas, de Copas e de Ouros do baralho palaciano – viram anunciadas suas penas.

Assim, para que os versos da canção de Ivan Lins se finalizem, “não ficando nada”, só faltou mesmo o “rei” (cara) de Paus ou, se mais prudente, os condenados acatarem o conselho do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, referentemente ao sistema prisional brasileiro…

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