Festa do Peixe em Tramandaí reúne exposição de artesanato produzido por presos

A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) participa da 24ª Festa Nacional do Peixe, em Tramandaí, por meio da mostra do trabalho prisional produzido na Penitenciária Modulada Estadual de Osório (PMEO). A feira iniciou em junho e vai até domingo (21). É a segunda vez que a PMEO participa neste ano com o espaço ampliado.

As peças que compõem a exposição são produzidas manualmente em oficinas dentro da penitenciária, como bandôs, bolsas, mantas para sofás, tapetes, esculturas em pedra sabão, pesos para portas e quadros. Atualmente, seis oficinas estão em funcionamento. Do total, duas são novas: de construção de barcos de madeira e a de pintura a óleo em tela. Também existem oficinas de origami e patchwork.

Trabalho e oportunidade
Coordenadora do projeto Classificação de Presos, a agente penitenciária Eliziane Mattei participa das oficinas há mais de um ano. Eliziane conta que desde o início do evento em Tramandaí foram arrecadados pelo menos R$ 4 mil com as vendas. O dinheiro é revertido aos detentos que trabalharam nas peças.

Ela explica que iniciou com a oficina de tecelagem, oferecida inicialmente aos presos primários, e depois estendeu aos demais. Atualmente são cerca de 50 apenados neste trabalho. “Aqui tem oportunidade para todos”, comenta. Parte do material utilizado provém do descarte de fábricas de tecidos e também adquiridos em conjunto com o Conselho Comunitário de Osório e Tramandaí.

Conforme Eliziane, a receptividade do público é muito boa. Já para o diretor da PMEO, Valdecir dos Santos, o que mais surpreende o público é que as peças são delicadas. “São bem acabadas e todas feitas por homens”.

Profissionalização

No ano passado, o Sine/FGTAS de Tramandaí realizou uma testagem com os trabalhadores e confeccionou a Carteira do Artesão para que aumentassem as oportunidades dos detentos conseguirem trabalho quando em liberdade. As carteiras foram entregues em abril deste ano para 21 apenados, pelo secretário da Segurança Pública, Airton Michels, pelo superintendente da Susepe, Gelson Treiesleben.

O apenado A.J., 40 anos, faz as pinturas a óleo em tela e leva cerca de três dias para acabar cada peça. “A pintura é um dom, tem muita gente por aí que faz, então quero me profissionalizar. Aqui dentro ajuda porque distrai e impede a gente de pensar bobagem. Me sinto útil e já vou me preparando psicologicamente para sair. Minha cabeça está mudando”. Com a oficina, os apenados ganham também o direito à remição – a cada três dias de trabalho diminui um da pena.

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