Fidel escreve artigo no qual ataca Bush
Em um comunicado publicado hoje pela imprensa cubana, o ex-presidente de Cuba Fidel Castro elogiou o papa Bento XVI, atacou novamente o presidente dos Estados Unidos, George Bush, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, e prevê “tragédias” no Paraguai e na Bolívia.
Segundo o líder cubano, a declaração do papa em sua recente visita aos EUA “é a antítese da política de brutalidade e força aplicada” pelo Governo Bush.
Através do texto publicado no jornal estatal local “Granma”, Fidel diz que “não é fácil desentranhar o pensamento do Vaticano dos espinhosos temas” relacionados aos EUA.
Para ele, “o presidente dos EUA e seus aliados ricos e desenvolvidos impuseram uma guerra sangrenta contra a cultura e a religião de bilhões de pessoas em nome da luta contra o terrorismo, e impera a tortura, o saque e a conquista” pelos “hidrocarbonetos e as matérias-primas”.
“Bento XVI, ao longo de sua atividade como bispo alemão, foi conservador e alérgico às mudanças na política social e nas normas internas que regem sua Igreja”, afirma Fidel, que ainda disse que “a grande imprensa” americana “foi implacável (…) qualificando a Igreja Católica como religião decadente”.
O ex-presidente cubano afirma que “o chefe do império não se atreveria a exigir do Estado do Vaticano uma 'nova constituição e eleições livres' como ele as concebe para Cuba”.
O papa, “apesar dos 81 anos que completaria horas mais tarde, desceu do avião quase sem se apoiar no corrimão das escadas, e nos últimos degraus nem isto fez”, destaca Castro, que também tem 81 anos.
Fidel ainda advertiu que “nos próximos dias os povos da América Latina estão próximos de enfrentar duas tragédias: a do Paraguai e a da Bolívia”.
Segundo ele, uma das tragédias aconteceria no Paraguai. Neste país “um ex-bispo católico conta com a maioria arrasadora do apoio do povo, de acordo com pesquisas sérias, e é certa a rejeição a uma fraude eleitoral”, disse Fidel em texto escrito no sábado, um dia antes do opositor Fernando Lugo ser confirmado como presidente eleito paraguaio.
A outra, de acordo com Fidel, aconteceria na Bolívia devido a “ameaça de desintegração real deste território, que conduziria a lutas fratricidas no país”.
Sobre Gordon Brown, o líder cubano o comparou ao “chefe de Governo de uma república bananeira”.
“Pela voz, os argumentos e o tom de Brown em sua entrevista coletiva na presença de Bush, ele me pareceu tão auto-suficiente como seu antecessor na direção do Partido Trabalhista (Blair)”, disse Fidel no texto.