Genes, a razão da vida – Jayme José de Oliveira

Jayme José de Oliveira

O homo sapiens, orgulhoso, prepotente, se considera a razão principal da vida no planeta Terra, nada nem ninguém pode se ombrear com ele quanto mais estar situado em nível superior.

O antropocentrismo é a teoria que se baseia neste fulcro, considera que a espécie humana, possuidora da inteligência, reina absoluta sobre a Natureza e que a Natureza foi criada para servir o homem. Deste modo, qualquer existência que não seja humana acaba ocupando um lugar de menor importância na escala biológica. Ledo engano, assim como o geocentrismo considerava a Terra o centro do Universo um Universo que pretensamente orbitava ao redor deste minúsculo planeta, isso antes que Nicolau Copérnico (1473-1543) e seguidores, Galileu Galilei o mais conhecido, provocarem uma revolução ao afirmarem ser o Sol o centro. Progressivamente o círculo foi se ampliando e, hoje, a Terra não assa de um minúsculo planeta orbitando uma estrela entre inúmeros astros.

Voltando ao fulcro: os organismos vivos, o homo sapiens inclusive, não são o que o antropocentrismo apregoa, como a Terra não é o centro do Universo. Vamos por partes, dispamo-nos da empáfia para início de conversa. Em 1976 o biólogo britânico Clinton Richard Drawkins atualizou a teoria de Charles Darwin, elevando os GENES à condição básica da vida e da evolução. No livro “O Gene Egoísta” afirma que são os genes a razão da vida e o que eles querem é se propagar e perpetuar, passando por cima, se for o caso, dos interesses dos indivíduos e das espécies. Pode ser chocante para o nosso orgulho, mas é assim que caminha a evolução. Isso não quer dizer que não podemos criar ferramentas para inspecioná-los e até modifica-los, a ciência está promovendo uma revolução ao possibilitar a manipulação dos genes, anunciando a teoria da transgenia em 1990, na China.  Nos Estados Unidos, a primeira aprovação de uso comercial de uma planta transgênica ocorreu em 1994, quando a empresa Calgene lançou um tomate com elevada resistência ao armazenamento.

Não é brincar de Deus, mas intervir no DNA e no RNA, para prevenir doenças, salvar vidas e aperfeiçoar os genes e com eles as espécies. DNA e RNA são ácidos nucleicos que possuem diferentes estruturas e funções. Enquanto o DNA é responsável por armazenar as informações genéticas dos seres vivos, o RNA atua na produção de proteínas.

Em meio a uma epidemia como a Covid-19 a genômica decifrou os detalhes do coronavírus e criou uma nova geração de vacinas baseadas na manipulação dos genes, ampliando as nossas expectativas de perpetuá-los e aprimorá-los

Surgem as terapias gênicas capazes de tratar doenças consideradas incuráveis como o câncer, entre outras. As terapias gênicas abrem uma perspectiva infinita de erradicar doenças que são propagadas aos descendentes por hereditariedade.

Os genes sofrem mutações, inclusive provocadas por mudanças no meio ambiente. Por exemplo, em climas tropicais provocam o aumento da carga de melanina que resulta no bronzeamento progressivo, o resultado ansiado pelos que se dirigem às praias no verão. Com a sucessão de gerações (muitas), mutações acabam se introjetando nos genes, se propagando aos descendentes e induzem à pele mais escura nos países tropicais, nas zonas frias ocorre o inverso.

Doenças transmissíveis de geração em geração: hemofilia, anemia falciforme, diabetes, fenilcetonúria, etc, estão na alça de mira da ciência e terapias genéticas pipocam.

Se a vida depende dos genes, a medicina está encontrando nesse microscópico universo uma evolução que evoluirá constantemente.

Concluindo, somos o veículo para a perpetuação dos genes e, também, artífices da evolução desses microtransmissores da vida. Podemos nos orgulhar de, ao contrário dos microorganismos, vegetais e animais, termos a capacidade de provocar evoluções proativas no curso da evolução.

O Criador deve sorrir ao constatar o sucesso do plano que iniciou no Gênesis e está avançando a passos largos.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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