Há controvérsia se de Gaulle disse verdadeiramente que o Brasil não é um país sério. De qualquer sorte, a discussão é bizantina, pois a frase se consagrou e entrou definitivamente para o folclore, porque no fundo traduz uma espécie de radiografia psico social do nosso povo e, em especial, do comportamento daqueles que, por uma circunstância e outra, têm a obrigação de nos governar.

Pois o senhor José Genoíno, que é suplente de deputado federal vai nos brindar esta semana com mais uma amostra de que este incorrigível país, realmente, pouco se importa com as coisas sérias. Condenado que está a quase sete anos de prisão, será empossado no cargo de deputado federal, em lugar de outro colega que deixa a Câmara.

E logo vieram próceres do PT em defesa do ladrão Genoíno, sustentando que a decisão de nossa corte superior não transitou e que, portanto, não há impedimento à assunção do parlamentar.

E vi e ouvi mais, que o corrupto Genoíno ao assumir a cadeira na Câmara, o faz em respeito aos 90 mil votos que recebeu de seus eleitores, esquecendo que existem outros milhões de brasileiro, eleitores ou não, estupefatos com despudor que o ato em si carrega.

Não tenho a pretensão de discutir se é legal o senhor Genoíno assumir a sua cadeira na “Casa do Povo”. Isso fica para os juristas, para os “data vênia” da vida, com seus ares messiânicos, como se todos os desacertos do mundo fossem solvidos pela toga e a caneta.

Não. Não é a isso que me refiro. O que me deixa aturdido é a falta de vergonha do meliante Genoíno em aceitar a posse ou, menos do que isso, circular pelos corredores da Câmara, com séquito de jornalistas atrás, como não lhe pesasse nos ombros os 7 anos de condenação que o Supremo Tribunal lhe impôs, em completo menosprezo à opinião pública. Mas dirão alguns – e eu concordo – que o “mensaleiro” é desprovido de vergonha, caso contrário não faria o que fez.

Consola-me a esperança – sem pretender ser prosaico –, ainda que procrastinada, há de se iniciar a execução da sua pena. E, mesmo na condição de albergado, não poderá, em momento algum, ignorar a presença das sombras “da casa dos mortos”.

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