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Governo chinês constrói cidades para formar mercado consumidor

Com cidades construídas no melhor estilo made in China, o governo chinês optou por edificar centros urbanos inteiros destinados à moradia de parcela da população que ainda vive na área rural. O objetivo do investimento é “construir” literalmente na China um robusto mercado consumidor interno, capaz de garantir estabilidade para a economia, mesmo com todo o resto do mundo desmoronando.

Até 2020, o governo pretende transportar para as cidades cerca de 400 milhões de pessoas. Cerca de 400 novas cidades deverão surgir para abrigá-las na chamada China Moderna. Atualmente existem 700 milhões de chineses vivendo ainda em áreas rurais, ou seja, não consumindo.

A idéia não é nova e sua aplicação já foi responsável por criar uma vasta periferia ao redor dos grandes centros. A decisão do governo central é reproduzida pela municipalidade. Em 2001, o governo de Xangai lançou o programa Uma Cidade, 9 Municípios. Só em Xangai, nove centros urbanos, com capacidade total de 500 mil habitantes, foram construídos. A cidade localizada na foz do Rio Huangpu tem hoje quase 20 milhões de habitantes.

Um dos exemplos dessa ação do governo é a construção da Thames Town, que fica em Songjiang New City, a 30 quilômetros do centro de Xangai. A cidade foi feita para abrigar 300 mil habitantes.

Todos os centros criados ficam a aproximadamente 40 quilômetros da metrópole. Nesse canteiro de obras, os arquitetos mostram muita criatividade. Cada cidade se inspirou em outra grande metrópole mundial. Zhoupu é uma cidade “americana”, com direito a gramados idênticos aos dos seriados. Songjiang é uma cidade inglesa; Anting, alemã; Luodian, sueca, Gaoqiao, holandesa, Buzhen, australiana, Fengcheng, espanhola; Pujiang, italiana; Fenjing, canadense.

Seguindo a lógica do governo, uma empresa chinesa trouxe para a Expo 2010, que está sendo realizada em Xangai, um edifício inteiro, com seis andares, todo construído em 24 horas. A estrutura é feita de ferragens e as paredes parecem placas. O técnico Chao Lu, que adotou o nome ocidental Ben, com o objetivo de fazer negócios com o mundo, explicou que o edifício é preparado para aguentar terremotos que cheguem a até 9 graus de magnitude.

Logo na entrada do prédio – construído com paredes finas, pré-moldadas e colunas de ferro –  a empresa ainda representou o horror vivido pelas vítimas de terremoto, como o que matou quase 1.500 pessoas na Província de Qinghai, no Noroeste da China. Bonecos sob escombros de concreto servem de alerta para o perigo de construções tradicionais de alvenaria em áreas com frequência de tremores.

Além do plano de criar cidades para construir um mercado consumidor, no ano passado o governo chinês adotou medidas para estimular ainda mais o consumo entre os chineses e tentar passar pela crise sem grandes abalos na economia.

Em 2009, a China lançou um programa de subsídio aos agricultores para a compra de determinadas marcas de televisões a cores, geladeiras e celulares. O programa atingiu três regiões essencialmente rurais: as províncias de Shandong, Henan e Sichuan. A cidade de Qingdao também recebeu o programa. O governo estipulou como preços máximos 2 mil yuans para a televisão a cores, 2,5 mil yuans para a geladeira e mil yuans para o celular.

O subsídio de 13% para a compra dos aparelhos foi dividido entre o governo central, que arcou com 80%, e os governos das províncias e municipalidades, que arcaram com 20%. Cada família rural pôde comprar dois artigos de cada categoria.

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