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Grand Rapids não é aqui!

Um artigo publicado em janeiro deste ano pela revista Newsweek, classificou a cidade americana de Grand Rapids, no Michigan, de “moribunda”. O artigo gerou indignação na cidade e acabou resultando em um protesto inusitado.

Revoltados, moradores e autoridades da cidade se mobilizaram e, em vez de apelar aos tribunais, recorreram à música.

Para provar que sua terra natal não era assim tão pacata, cerca de cinco mil pessoas se reuniram no último dia 22 e gravaram um clipe de quase dez minutos para a canção “American Pie”, clássico dos anos 70 cantado por Don McLean. Entre bandas, desfiles, carreatas, efeitos especiais, helicópteros e até um casamento, a cidade (literalmente) parou. O resultado foi uma resposta à altura e um filme que críticos americanos já estão considerando como o maior clipe de todos os tempos.

Os moradores andavam revoltados desde quando a revista Newsweek incluiu a cidade em uma lista de localidades que estão morrendo nos Estados Unidos.  O diretor Rob Bliss convocou cinco mil moradores e a participação de membros de várias comunidades da cidade. O prefeito, um ex-embaixador, o reitor da universidade local, o time de futebol americano do colégio, dançarinos, cantores e anônimos em geral aparecem no vídeo, que conta com a ajuda até dos bombeiros e de um helicóptero.

A Newsweek foi obrigada a se retratar. Em uma nota publicada no Facebook, a revista afirma que “amou o vídeo e que se sente inspirada pelo amor à cidade que vocês chamam de casa”, e ainda pede desculpas por sugerir qualquer coisa negativa em relação a Grand Rapids.

Segundo o censo americano de 2000, a sua população era de 10.764 habitantes. Em 2006, foi estimada em 10.373. Não obstante, Grand Rapids é uma cidade totalmente pavimentada, com praças e jardins ricamente arborizados, pontes modernas e funcionais, hospitais, shoppings com lojas, joalherias, salões de beleza, bares, restaurantes, salas de cinemas, um teatro e uma universidade.

O foco que moveu a revista àquela injuriosa reportagem certamente fora a constatação do decréscimo populacional. Cabe então a pergunta:

E se a revista americana adjetivasse de moribunda alguma cidade, no sul deste Brasil tupi-guarani, com um núcleo populacional quatro vezes maior do que Grand Rapids, porém, com um hospital, três postos de saúde, um campus universitário onde são ministrados apenas os cursos de Administração, Direito e Sistemas da Informação, segurança pública e pavimentação deixando a desejar, shoppings que não funcionam em um dia da semana, comércio que cerra suas portas ao meio-dia para o almoço, inexistência de seleto restaurante para um jantar em noites que não sejam as de fim de semana?  De que forma a revista Newsweek haveria de se referir a cidade em que as salas de cinema se mostram ociosas, o auditório de cultura que se presta tão somente para cenário de festinhas infantis? Haveria na comunidade uma cabeça pensante em dar não apenas a inteligente resposta mas capaz de motivar 5.000 habitantes a participarem de um clipe musical em desagravo à sua cidade?

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