Hoje o dia é de AGRA…
Foram 255 artigos, dentre crônicas e contos arduamente – alguns – prazerosa e apaixonadamente – muitos – escritos nas madrugadas silenciosas e indormidas nesta orla que, parodiando Bilac, se me mostra como a última flor do Lácio, inculta e bela e, a um tempo, esplendor e sepultura.
Do aprendiz de apaixonado escriba, senti que a cotidiana e prostituta realidade política deste espoliado, vilipendiado, estropiado, encurralado e estuprado Brasil impôs-me a metamorfose que resultou, não numa barata Kafkaniana, no homem indignado e desiludido a brandir como arma o mais débil e enferrujado metal contra a blindagem do mau-caratismo vendilhão dos collor, calheiros, barbalhos, delúbios, genuínos, dirceus, marthas botox, luizes stalinácios da silva e tantos, muitos outros – todos proxenetas – abrigados sob as duas torres palacianas do lupanar-mor do planalto central tupi-guarani, e de onde, paralelamente à tarefa de administrar o país, a presidente, – tal Sísifo e a pedra que ele tem a missão de carregar ao cimo, há de, eternamente, rolar montanha abaixo – luta para por fim ao bacanal.
Por que caminhos seguiu quem pretendera ser o aedo dos mais belos cânticos – tal bíblico Salomão – de louvor à mulher amada que o Destino a deixou, plena de ilusões, na sacado do sobrado amarelo na antiga Rua Avaí, a esperar pelo último bonde, recusando ela o fato de que este mesmo bonde há muito alçara, do alto das pedreiras de Teresópolis, o voo de libertação, levando em seus bancos o prometido enamorado? Por que escaninhos adormeceu quem, no calor dos cobertores e na maciez dos lençóis, aninhara, entre beijos e carícias, a mais louca das amantes? Em que labirintos se perdeu quem acreditara na possibilidade de que sentimentos outros ainda haveriam de explodir, ante o beijo ardente, o suave toque das línguas, na viagem de mãos navegadoras que arrepiava a pela da fêmea enlouquecida? Por onde anda aquele que sonhara com a noite, enfim, sem chuva, o luar a invadir a alcova e ali encontrando, na cintilação dos corpos suados, o rebrilho de uma constelação e a paz de um universo adormecido?
É tempo, quem sabe, de redescobertas…