Indecisão
Na vida, nos deparamos com algumas encruzilhadas. Olhamos a frente e temos diferentes caminhos a seguir e nenhuma certeza de onde esses caminhos levarão. Isso é algo quase que constante enquanto somos jovens. Mas, mesmo após definirmos profissão, casamento, e outras coisas mais, esse sentimento ainda nos acomete. Você pára e faz um balanço de sua vida e começa a repensar suas escolhas.
Alguns cantam: “deixa a vida me levar, vida leva eu” (imortalizada por Zeca Pagodinho), “não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar” (imortalizada por Paulinho da Viola). Mas como bom gaúcho que sou, prefiro tomar as rédeas na mão e tentar domar os rumos da minha vida. E quem pensa assim se depara com decisões que nem sempre são fáceis. Mudanças exigem que abandonemos nossa zona de conforto e busquemos algo mais. Sair de casa e morar sozinho, trocar de emprego, casar, enfim, são tantas as decisões e atitudes que temos que tomar. Mudanças exigem que tomemos uma determinada postura, opinião, lado…ou o sujeito é torcedor do Grêmio ou do Internacional; ou você é Cruzeirense, ou Atleticano; ou você é Flamengo, ou anti-Flamengo; não existe meio-termo nem espaço para dúvida.
Na bolsa é assim também! Por isso os investidores devem ser pessoas decididas que assumem posição, que dão opinião e que se expõe ao risco da realidade. De certa forma, este é o meu trabalho, o de analista. Mas porventura as outras pessoas, participantes desse mercado, não possuem igualmente opinião? É lógico que sim! E aí está a beleza desse mercado, a divergência, a pluralidade de opiniões e o exercício quase que constante da dialética. Cada um com seus argumentos, cálculos, experiências, sentimentos. Mas como? Comprando ou vendendo!
Ou você acredita que os ativos vão se valorizar e assume uma posição comprada, ou você não está confiante e prefere assumir uma posição vendida. A questão é que as vezes o mercado não é nada consensual. Existem aqueles que acreditam que todo consenso é burro. E de fato, é preciso ter cuidado com o consenso quando o assunto é bolsa. Mas se a voz do povo é a voz de Deus é preciso ouvi-la! Por isso dizemos que o mercado, apesar do seu movimento errático, costuma respeitar certas tendências.
Entendo que o mercado ainda esteja respeitando um movimento de alta, de valorização dos ativos. Ou seja, os comprados estão do lado certo da gangorra. No entanto, o curto prazo é cheio de altos e baixos e nesta semana, a vez foi dos vendidos.
No radar da semana tivemos como foco os dados do PIB chinês. Os números apresentados pelos chineses não foram surpresa para o mercado. Dias antes, uma agência de notícias já havia antecipado a divulgação – os dados oficiais apenas confirmaram os rumores. O PIB Chinês encerrou o ano com crescimento acima das projeções do mercado. Dado que a China é hoje a mola propulsora do crescimento mundial, esse dado deveria gerar otimismo, não é? Sim, mas o problema é um velho conhecido nosso: a inflação chinesa. Ainda que esta seja baixa quando comparada com as nossas inflações, o dado apresentado assustou os que assumiram uma postura negativa, imaginando que o banco central chinês irá adotar medidas macroprudenciais para conter o crescimento por lá. Esse receio afetou o preço das commodities (produtos muito consumidos pelos chineses) e acabou afetando também o desempenho das bolsas.
O curto prazo vem se mostrando bem incerto. Por um lado vemos dados positivos que inflamam o otimismo dos investidores; por outro vemos notícias que são vistas como negativas pelo mercado. Nessa arena entre comprados e vendidos está faltando um rumo. Muitos investidores têm se visto numa encruzilhada, sem saber, “compro ou vendo”?
Bom, como Jesus já nos disse: “no mundo terei aflições, mas tende bom ânimo, pois eu venci o mundo!” Então, como já disse acima, acredito que estamos sim num movimento de alta e nessa arena já escolhi o meu lado, o dos comprados!
William Castro Alves
Analista da XP Investimentos