Em agosto de 1961, quando Jânio Quadros renunciou a Presidência da República as forças conservadoras e as elites queriam impedir à posse do Vice-Presidente João Goulart A reação ao golpe começou no Rio Grande do Sul com o Movimento da Legalidade.

Eu era professora primária e lecionava no Grupo Escolar General Osório.

Em Osório era muito forte o PTB e o trabalhismo centrado nas figuras de Getúlio Vargas e de Leonel Brizola, então Governador do Estado. Mesmo assim a população estava amedrontada. Fecharam-se as escolas. Todos ficavam em casa, ouvindo a rádio Guaíba, instalada nos porões do Palácio Piratini, requisitada pelo Governador. As outras rádios foram fechadas por ordem de Brasília.
   
Era uma época de muita participação dos movimentos sociais. Os estudantes atuavam muito nas escolas através dos Grêmios Estudantis e da União dos Estudantes como: UGES, (União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas) e UNE (União Nacional dos Estudantes) que congregava os estudantes de todo o país.

Em 1961 o governador Brizola tinha a aprovação da maioria da população.

Existia  condições para que o mesmo convocasse o povo para defender o regime democrático  e a Constituição do país.

A mobilização do povo gaúcho atingiu um nível surpreendente em Porto Alegre, nas cidades maiores e em algumas pequenas cidades formaram-se comitês de resistência.

Houve adesão do III Exército e o povo se aglomerou em frente ao Palácio Piratini: estudantes, professores, bancários, donas de casa e a população em geral formavam uma massa humana compacta.

“Foi a maior mobilização popular já vista no Rio G. do Sul, uma verdadeira torrente de civismo” (Hélio Carlomagno, Deputado Estadual pelo PSD, presidente da Assembléia Legislativa, na época em 1961).

“Que significado teve para a história política do Brasil?” – Pergunta Joaquim Felizardo, em seu livro, a Legalidade.

Afirma-se que em1961 foi um ensaio geral para o golpe de 1964, mas o povo continuava mobilizado em defesa da democracia, da cidadania, dos direitos humanos. Como afirmou o historiador Décio Freitas:” O Rio G. do Sul tinha uma tradição de levante. .A Legalidade está circunscrita nesta tradição “.

“Longe da historiografia oficial, a Legalidade ganharia a memória popular”.–afirma Joaquim Felizardo.

Agora em todo o Estado se comemora os 50 anos da Legalidade, movimento que sob o comando da voz forte de um líder carismático defendeu com garra a democracia e o estado de direito.

Fonte de pesquisa:

-“A Legalidade último levante gaúcho”

Felizardo, Joaquim, Editora Universidade. – segunda edição.

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