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Mais de 35 mil pessoas visitaram o Salão Erótico de Portugal

Deste número, destaca-se a venda de 29.853 bilhetes, sendo os restantes profissionais do setor e convidados. Merece ainda realce a cobertura do evento por mais de 300 jornalistas dos mais diversos meios de comunicação social.

Face à adesão registada, o director do SIEL, Juli Simón , afirma que “as nossas melhores expectativas quanto à resposta do público português, que apontavam para cerca de 25 mil visitantes, foram superadas, não só em termos de quantidade, mas também em relação ao perfil, uma vez que cerca de 30 por cento dos visitantes foram mulheres”.

“Para além disso – acrescenta o responsável – passaram pelo pavilhão pessoas de todas as idades e escalões sociais.”

Juli Simón entende que o sucesso do Salão Erótico, que tem já uma segunda edição marcada para 2006, se deve a “uma oferta muito diversificada de conteúdos, com cerca de 300 espectáculos por dia, entre sessões de casting e shows eróticos, de strip ou fetiche, espectáculos musicais ou conferências dedicadas a temas relacionados com a sexualidade, iniciativas a que as pessoas aderiram de forma muito espontânea e natural”.

O director do Salão adianta ainda que “para os expositores que apostaram nesta primeira edição do Salão Erótico, o evento revelou-se também um enorme sucesso comercial e promocional”. Talvez por isso, revela, “tivemos dezenas de contatos de empresas que se mostraram interessadas em participar em próximas edições”.

Sucesso de vendas

Numa amostra aleatória de opiniões de algumas das artistas e expositores que participaram no SIEL, é possível estabelecer como nota comum a surpresa face à adesão do público e o enorme volume de vendas registado durante o Salão.

O volume de vendas de artigos eróticos superou largamente as previsões, destacando-se mesmo a esgotamento de estoques de vibradores, lingerie, óleos para massagens e lubrificantes.

“Nunca imaginei que este primeiro salão corresse tão bem”, afirmou António Batista , proprietário da rede de “sex-shops ContraNatura. “Ultrapassámos todas as expectativas em termos de vendas. Os artigos mais procurados foram os óleos de massagens, os afrodisíacos naturais e os vibradores. No caso da lingerie erótica, chegámos a ter esgotamento de estoques. Nos filmes, o estilo mais procurado foi o bizarro – sexo com animais ou sadomasoquista, por exemplo.”

Maria da Luz, das lojas Casa d'Eros sublinha: “Sempre acreditei que o Salão ia ser um sucesso e, ainda assim, esta feira superou todas as nossas expectativas. Já fui várias vezes à feira de Barcelona e acho que o Salão de Lisboa está bastante melhor, com visitantes mais civilizados.”

“Penso que ninguém veio aqui procurar sexo puro e duro”, diz Maria da Luz. “As pessoas sentem a necessidade de adquirir objectos e adereços eróticos e sexuais e esta feira deu-lhes essa possibilidade, abrindo muitas portas ao setor. Vendemos bastantes artigos, sobretudo vibradores, lingerie, óleos e lubrificantes.”

Cristina Peralta, da Liga Portuguesa contra a AIDS revelou que o stand desta organização foi muito procurado e visitado. “As pessoas estão conscientes da problemática da AIDS e procuraram obter mais informações como, por exemplo, se o preservativo é realmente seguro para evitar o contágio. Ao longo do salão, distribuímos cerca de 10 mil preservativos.”

“Em termos de número de visitantes e de impacto promocional – afirma Rui Pedro ( Passerelle e Photu's) – este salão foi excepcional. Penso que muitas das pessoas que visitaram o nosso stand assistiram, pela primeira vez, a um espectáculo de striptease, não só feminino, mas também masculino. Esta feira contribuiu para destruir alguns preconceitos.”

“Os portugueses são muito bonitos”
Bibian Norai, porta-voz do Salão Erótico de Lisboa, realizadora de filmes pornográficos e antiga actriz, considera a adesão do público “surpreendente”.

“Alterei completamente a imagem que tinha dos portugueses. Pensava que são muito conservadores, mas isso é um mito. Encontrámos em Lisboa um público muito curioso e receptivo. A quantidade de mulheres e de casais, de todas as idades, que visitaram o salão, foi uma surpresa muito agradável.”

“Todas as pessoas respeitaram o nosso trabalho e revelaram uma fantástica qualidade humana, penso que foi tudo muito civilizado.”

“Os portugueses são verdadeiramente latinos, vivem o sexo com muita paixão, pelo que podem dar um contributo importante para a indústria pornográfica. Levo a alma repleta de Portugal e conto vir cá proximamente, como turista, para conhecer melhor o país e para relaxar”, disse Bibian Norai.

Claudia Claire, atriz porno, não contava com tanta gente e, sobretudo, com tantas mulheres e casais. “Muitas mulheres vieram conversar com as atrizes, fizeram perguntas e pediram autógrafos, foi fantástico.”

“Penso que, além dos espectáculos, devem realçar-se as várias conferências que se realizaram no salão sobre temáticas relacionadas com a sexualidade. Espero que esta feira tenha contribuído para que a sexualidade seja encarada sem tabus e com naturalidade. Os portugueses são muito bonitos, pelo que gostava que o Salão contribuísse para dinamizar a indústria pornográfica portuguesa”, conclui Claudia Claire.

A zona fetiche foi uma das mais visitadas pelo público. Paco Campos, produtor do espectáculo da “zona fetiche” (BDSM), afirma: “esta vertente não é muito popular em Portugal, pelo que estávamos algo apreensivos. No entanto, tivemos milhares de visitantes na zona fetiche e houve uma enorme interacção com o público, o que me surpreendeu.”

“Os portugueses aderem facilmente. Em Barcelona – explica Paco Campos – só o ano passado, ao fim de sete anos de participação na Feira Erótica, começámos a ter voluntários do público a participar no nosso espectáculo. Em Lisboa, foi logo no primeiro ano. Fantástico. Acho que muitas pessoas também ficaram algo chocadas com o que viram. As artistas adoraram estar aqui, porque as pessoas são muito educadas e respeitam os rituais.”

Fazer amor pode não custar um único euro, mas os produtos disponíveis nas sex-shops têm sempre um preço.

Se o visitante quer gastar pouco no salão erótico não pode andar distraído. Os acessórios que ocupam o espaço comercial mais nobre, as prateleiras que estão à altura dos olhos, custam quase todos 30 euros. É preciso olhar para baixo para encontrar as pechinchas.

Uma das opções mais baratas é o preservativo. Claro que ninguém vai ao salão para comprar o produto convencional, mas por 4 euros encontra «camisinhas» com um pinguim, uma guitarra ou um dragão na ponta. Por mais dois euros pode comprar um pequeno chicote de brincar e quem não quiser brincar tem à disposição um chicote «a sério», de couro preto, por 10 euros.

«Por dez euros pode comprar lubrificantes, anéis para o pênis, preservativos, chicotes a sério e comprimidos para a ereção», informa a responsável da Fruto Proibido, uma das principais distribuidoras de produtos eróticos no país.

A maior pechincha

Quatro filmes pornográficos por 5 euros foi a maior pechincha encontrada. O preço é baixo porque a tecnologia é antiquada. Só quem ainda tiver um vídeo VHS em casa é que poderá usufruir das imagens. Os populares vídeos DVD são mais caros, mas, mesmo assim, o visitante consegue comprar dois filmes por 10 euros. Os produtos mais populares são os lubrificantes e os vibradores.

Love-machine custa 400 euros

Se não quiser gastar mais do que duas notas de cinco euros, para além do que tem de pagar à entrada (20 euros), o melhor é nem olhar para o Love-machine, o brinquedo mais caro da feira. A «máquina do amor» que simula os movimentos sexuais de um homem com alguma exactidão custa 400 euros. Para já, a Fruto Proibido ainda não vendeu nenhuma, mas a responsável recorda que no ano passado um visitante não resistiu e levou uma para casa.

Por dois euros

Se só tiver uma moeda de dois euros no bolso, o melhor é dividir para reinar: um euro para um copo de cerveja e outro para uns instantes de rodeo. Em vez de um touro mecânico, o salão apresenta um homem e uma mulher mecânica. O visitante tem de «cavalgar» em cima do brinquedo mecânico enquanto este agita freneticamente. O mais divertido é ver o desempenho dos outros!

Promoções ou não no salão

Alguns stands fazem questão de sublinhar que os produtos na feira têm preços especiais, outros dizem que os preços não variam muito do que se encontra normalmente nas sex-shops. Saldos ou não, a maioria dos visitantes que se passeia pelas avenidas eróticas tem um saquinho de compras na mão

Foto: Tiago Sousa Dias

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