Colunistas

Mais um viva à democracia e à imprensa livre

Faz alguns dias escrevi artigo dizendo que o governo fede.

Agora vou usar o verbo feder no pretérito perfeito, fedia já por um bom tempo.

Em meu entendimento a coisa começou a entornar no momento em que o Deputado Enio Bacci foi demitido por estar trabalhando demais, ofuscando o pouco brilho da senhora Governadora, pelo menos assim entendo e, ao sair, disse de problemas sérios nessa autarquia chamada Detran.

O tempo correu e nada se viu de mudanças a não ser depois de a Polícia Federal ter feito um belíssimo trabalho de investigação.

Ocorre que ainda no final do governo Germano Rigotto, por quem tenho enorme respeito por sabê-lo um cidadão com letras maiúsculas, havia um Deputado que nunca me foi simpático, não pelo fato de ser baixinho visto que meu falecido avô materno, Francisco Antunes Pinto, conhecido como Chico Pinto, era um baixinho muito invocado, a ponto de haver participado da Revolução de 1893, lá nas bandas de Viamão e pai de 24 filhos, o que visto sob certo ângulo, atesta, pelo menos num aspecto suas qualidades.

Não, o que me desagradava nesse Deputado Busatto, é o seu jeito falador, quem sabe falastrão.

Lembro que no final do governo passado, ele teve uma idéia “genial”, pois foi o idealizador do tal Pacto pelo Rio Grande.

Muitos discursos e entrevistas à imprensa e não passou disto.

Pior, os esquemistas, já então conhecidos nos meios políticos, mas ainda não por nós, foram convocados a realizar os trabalhos de tal Pacto.

Segundo sei, este Deputado Busatto é funcionário de carreira da Fazenda Estadual.

Certo é que ele foi o Secretário de Fazenda no maldito governo Britto.

Vocês lembram disto?

Tão competentes, ele e o o “seu” Britto foram que, para governar naqueles quatro anos precisaram vender 5,5 bilhões de reias do patrimônio público do Estado do Rio Grande do Sul.

Perdida a eleição para Olívio Dutra, eu vi, com os meus próprios olhos (me perdoem o pleonasmo), assim como ouvi esse Deputado Busatto dizer no programa do Clóvis Duarte na Tv2, que se não fossem vendidos outros bens do estado, não seria paga a folha de março daquele ano.

Como sou servidor inativo, digo que ele não dizia algo sério, pois não quero chamá-lo de mentiroso.

Recebi minha aposentadoria em dia nos quatro anos do governo Olívio.

Quanto a atitude do senhor Paulo Feijó, que tem conduta ética diferente da maioria desses políticos que estão militando em nosso estado, eu a compreendo, pois vindo ele de área de altividade diversa, a mim parece um cidadão honesto.

Quando da referida gravação, o que compreendo, pois naquela altura do campeonato já sabia estar num baile de cobras e cobras bem criadas, preveniu-se, ao invés de colocar perneiras e ignorar tudo o que hoje sabemos, embora sempre suspeitássemos.

Eu confesso que teria tido a mesma atitude.

E esta situação me lembra o jornalista Giovanni Grizotti, a quem conheci pessoalmente durante a participação dele num programa de emissora de rádio de Capão da Canoa.

Lamento que o senhor Paulo não tenha antes procurado o Grizotti, pois se assim tivesse feito, sua gravação não teria nada inaudível, vez que teria usado equipamento idêntico ou semelhante ao usado pelo Grizotti.

Não, não vou revelar o instrumento que o respeitável jornalista usa, pois estou ao lado do vice-governar e não desses bandidos que ainda circulam livremente.

Lembro que quando do programa de rádio já citado, fiz uma brincadeira com os companheiros de estúdio e com os ouvintes, pois passei a descrever fisicamente referido jornalista que, mercê de seu trabalho corajoso e competente, desperta a curiosidade de muitos, mas muitos mesmo, por o reconhecerem respeitável e dos corruptos para não serem surpreendidos por ele.

Quando disse que iria descrevê-lo, ele olhou para mim numa atitude de desagrado.

Óbvio que fiz a descrição, só que bem diversa da do próprio, pois admiro muito o trabalho que ele vem fazendo e não seria eu a entregá-lo aos corruptos e ladrões do erário público.

Neste final de semana li e ouvi muitos profissionais de imprensa criticarem a conduta do senhor Paulo Feijó por ter realizado referida gravação.

Eu, na contra mão desses acima citados, aplaudo, pois este é um gesto raro e só por esta razão a roubalheira corre desenfreada.

Tivesse a cidadania a coragem de fiscalizar, como tento fazer onde resido, certamente haveria condutas muito mais dignas e não faltaria dinheiro para saúde, segurança e educação, pilares básicos da administração pública.

Que sabe damos início a uma campanha em todos os níveis da administração pública visando moralizar este país que poderia ser e ainda pode tornar-se o principal deste planeta?

Vamos nos reunir em família, citar este exemplo de dignidade e de coragem pessoal aos nossos filhos e netos, abrindo assim a possibilidade de legarmos às gerações futuras uma vida bem melhor em todos os sentidos.

Penso que este Deputado Busatto deve ser banido para sempre da vida pública, sem no entanto esquecermos que foi ele que nos disse através da pessoa do senhor Paulo Feijó, como e de onde roubam dinheiro para financiar campanhas eleitorais.

Ele sabia muito bem e, numa evidência de que não merece o respeito de ninguém, confidenciou ao seu algoz. Viva a democracia e essa imprensa livre, pois tal nos tempos da maldita ditadura, jamais teria sido veiculado.

Este foi o melhor presente de aniversário que ganhei em minha vida de forma antecipada, pois amanhã completo meus 64 anos.

Observo que não tenho o hábito de comemorar aniversário, vez que assim a civilização chinesa o faz, por que na realidade, em tal data, a única certeza que nos resta é a de que teremos um ano a menos pela frente.

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