Manuel Bandeira não viu tudo

Vim-me embora de Brasília,
Lá não fui amigo do Sarney.
Voltarei pro Litoralmania,
Na coluna que sempre quis
E na página que escolherei.
Vim-me embora de Brasília.

Vim-me embora de Brasília,
Lá eu não fui feliz,
Lá a existência é uma fartura,
Mas de tal modo impunemente,
Que Martha Botox Suplicy,
Sexóloga e falsa demente,
Vem a ser, a cavalgadura,
Do “relaxa e goza” uma aderente.

Denunciei a negociata,
De quem voa só em jatinho,
Fotografei os “malas pretas”.
Subi ao Senadinho,
Mostrei o banho de mutretas!

E quando me senti vingado,
Deitei nas margens do Paranoá,
Mandei chamar a Rosane Malta
Pra me contar o seu lado
Dos tempos em que do Collor de Mello
Foi primeira dama e cabo de martelo.

Vim-me embora de Brasília.
Em Brasília há de tudo,
Tem muita corrupção.
Tem um processo seguro
De promover a absolvição
Com a volta pro “serralho”
Do “ficha-limpa” Jader Barbalho.

Tem tapinhas nas costas,
Tem prostitutas de alto custo
Pra agradar o parlamentar.
E quando me quedei mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me deu
Esta vontade de me “mandar”.
— Lá fui inimigo do Sarney—
Não tive n’ “A Folha” a coluna que desejei
Nem a página que sempre quis.

Vou voltar pra Porto Alegre, tchau!

* Sátira ao poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, de Manuel Bandeira. A sátira é uma técnica literária ou artística que ridiculariza um determinado tema (indivíduos, organizações, estados), geralmente como forma de intervenção política ou outra, com o objetivo de provocar ou evitar uma mudança.

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