Maternagem – José Alberto Silva

José Alberto Santos da Silva

Maternagem é a condição maternal da mulher, independente de sua opção de dar à luz ou não.

Tudo na natureza que gera vida ou criação tem inspiração nessa ideia de matriz. Para um homem ser cuidador ele deve assumir o intrínseco feminino, pois Pai Criador, só Deus!

Organizações masculinas copiam o acolhimento maternal para chegarmos ao entendimento de que a mãe de Jesus deve ter o mesmo consolo da mãe do bom ladrão, o primeiro Santo da Igreja.

Desprovidos dessa ideia de acolhimento maternal perdemos valores naturais, como mães que abandonam filhos ou pais abusadores.

Podemos refletir sobre as dádivas da mãe natureza agindo em nome da Providência Divina com os milagres do pão e da cura; sobre a mãe preta, eterna Eva Africana, sacrificada no Brasil pigmentocrata, mas amorosa ama de leite que independentemente de ressentimentos se obrigava a abandonar os próprios filhos; isto abriu portas para o desleixo com outras mães como a judia na preocupação com os filhos e ainda com a mulher trans, desdobramento da feminilidade que por não compreendermos lhes permitimos dor e sofrimento.

Expõem-se assim as diferenças sociais a serem combatidas com o auxílio das senhoras com quem aprendemos sobre confiança e solidariedade, modelo universal, a maternidade.

Se mulheres de coragem são homens, homens de coragem são mulheres reverenciadas com balandraus, sotainas e cachinhos.

Significa que anos de pesquisas e estudos referentes ao gênero humano tem sido base para divisões sociais e políticas improdutivas na contramão do que se busca em religiões e organizações que é a igualdade.

Em desvantagem no tocante à sensibilidade e percepção, discutimos se tais qualidades são frutos propriamente da natureza feminina ou se é fruto de educação distorcida das funções sociais de ambos os gêneros.

Festejar as mães é repetir sobre a coragem com que nos conservamos no objetivo de superar a desvantagem masculina.

Comemoramos não com o sentido de conservar estanque um papel que ao invés de reconhecer valores, sacrifica, ofende, explora, desrespeita a condição da mulher.

Antes disso visa realizar um simulacro da condição de maternagem. No mundo selvagem não são raros os casos de leoas que protegem macaquinhos; uma loba alimentou os fundadores de Roma. Instintos de cuidadoras no trato interespécies em favor de necessitados. Sugere aos humanos a diminuição das desigualdades.

Almas evoluídas nos induzem ao bem da humanidade, ainda com dificuldades de realizar a distribuição do bem estar a despeito da evolução tecnológica. Tais anjos mantém esperanças, almas iluminadas que fazem a sobrevivência da humanidade ao criarem soluções divinas de bondade e ciência, inspiradas pelo Espírito Mais Santo. Tal essência de luz arrisca-se perder como coisa na constelação das espécies por disputas desnecessárias quando se banaliza o que há de mais sagrado do nosso conhecimento que é a vida, em todos os reinos portadoras de uma alma. Ao homenagearmos a ideia de maternidade, nos comprometemos com a essa ideia de grandeza que é a condição feminina.

Criaturas classificadas como não evoluídas por ameaçarem com sofrimentos e exclusões, no mundo invisível aos olhos da maioria, travam com os supostos iluminados disputa pela essência humana. É a reprodução da luta de contrastes quando as diferenças de gênero não devem se incluir nessa disputa do equivocado pensamento fácil de alto e baixo, preto e branco, largo e estreito, quando a humanidade, já vista como extraterrestre, não se enquadra em tal dicotomia e as diferenças de composição não são oposição e a ciência prova isto. São bons os que valorizamos e os outros são maus quando todos os humanos estão em evolução.

Então, se a mulher se realiza pelo desejo maternal, em seu sentido mais largo, o homem, como disse o Arnaldo Jabor, se realiza pelo sentimento de paternidade. Se Gilberto Gil disse que não há mais nada para dizer-se sobre a lua, também não há o que se diga sobre a condição de mulher em sua opção entre ser mãe ou não. Balzac dizia que “jamais seremos excessivamente benevolentes com as mulheres”. Tiremos a sombra que desvaloriza a mulher negra, antes exaltada como Deusa, e todas as outras serão gratificadas como as várias Nossas Senhoras, Disso ou Daquilo, quer dizer, mesmo que sejam santas ou pecadoras. A reflexão que fazemos ao homenagear as mães, é que o homem incorpore em sua vida os ensinamentos maternais para cultivar a paz no seio da humanidade.

José Alberto Silva

Estejamos ao lado dos que querem santificar o umbre moreno da mulher negra e todas as outras serão santificadas.

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