Monofobia, uma Síndrome Moderna
Com o advento da Internet, um universo de conhecimento e possibilidade de conexões entre pessoas e empresas invadiu de forma definitiva a vida de milhões de pessoas. Criando novas formas de estudos, empregos, antes nunca imaginados, facilitando compras, troca de mensagens, entre outras coisas do mundo moderno que estamos acostumados. Para a maioria das pessoas isso é perfeitamente normal, mas para outras é um grande problema que acaba gerando o vício.
A necessidade de estar 24 horas por dia ligado (conectado) trouxe uma nova patologia denominada como monofobia (o medo de estar incomunicável). Estar ligado ao que acontece no mundo seja através de um celular ou internet, gera uma dependência igual ao vício da bebida, tabaco, remédios ou drogas. Os dependentes se sentem ansiosos ao ficarem incomunicáveis por algum período.
As formas de comunicação em determinadas situações ao invés de facilitar a vida do ser humano, reduzem a liberdade do mesmo porque os dependentes atrelam sua felicidade ao celular, internet ou Nextel (um tipo de rádio) Os sintomas da monofobia vão desde a angustia, taquicardia e sudorese quando impedidos de acesso a internet, quando esqueceram o celular ou o carregador em casa voltando para buscá-lo. Geralmente, este tipo de pessoas tem necessidade de imediatismo e aumenta sua segurança somente por estarem ligados ao mundo.
Trazendo esta conversa para o ambiente da Internet ou ainda para o mundo da mobilidade, vemos que a necessidade de comunicação da humanidade é eminente, mas de fato, nem todos sabem se comunicar de maneira satisfatória.
o que é lamentável. Sei lá? A síndrome eletrônica pode ser uma forma modernosa de anunciar aos quatro ventos: “EU EXISTO!”; “lembre-se de mim!”. Nem sempre essa prática contribui para aprimorar a comunicação e nos manter informados.
Outro vilão que conspira contra a liberdade de cada ser humano e os bons modos sociais é o celular. De uma forma ou de outra, o celular fortaleceu a compulsão pelo controle, pelo desperdício de tempo e pela falta de decoro em espaços públicos. Basta observar quantas vezes alguém liga para falar abobrinhas com ares de assunto de alta relevância para a segurança nacional ou o bem estar da humanidade.
É inconcebível que em locais como hospitais, teatros, cinemas, igrejas, e em festas, percebamos pessoas saindo para falar ao celular. É surpreendente a quantidade de assuntos triviais, pseudo conversas sem seqüência lógica e outros besteiróis que são proferidos em voz alta pelo celular obrigando os outros a participar desta intimidade.
O uso compulsivo do celular subverteu o senso de prioridade. Afinal, se permanecemos ligados 24 horas por dia, se atendemos ou ligamos nos lugares e horas mais insólitas para jogar palavras ao vento, como discernir o quê e o quê não é prioritário. Santo Deus! Da noite para o dia, nenhum assunto, pessoa, chamada pode esperar para ser atendida. Tudo é urgente, inadiável e assunto de vida ou morte. Aliás, alguém se lembra como foi possível sobreviver à era pré-celular?
Devemos estar atentos para não sermos pegos entrando nesta patologia em nome da comunicação. É essencial criar limites para que o uso destas ferramentas buscando utilizá-las de forma racional e que não prejudiquem suas vidas.
Peço desculpas aos monofóbicos de plantão, no entanto acredito que precisamos falar menos ao celular e por email, e passar a dizer coisa com coisa, no momento, lugar, hora e com a pessoa certa. O resto como já disse o grande Hamlet de Shakespeare, não passa de palavras, palavras, palavras…