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Morre o Facínora

O presidente Obama acompanhou o ataque que resultou na morte de Bin Laden em tempo real. Um dos membros do esquadrão Seal 6, diz a notícia, manteve durante toda a ação uma câmera em seu capacete que transmitiu à Casa Branca.

Além de determinar que a operação fosse realizada, Obama pôde assistir “de camarote” a ação dos seus agentes. E a foto publicada em todos os jornais mostra os seus assessores mais diretos, alguns de pé, outros sentados, assistindo o desenrolar dos fatos como se fosse uma final de liga da NBA ou de Beisebol.

A secretária Hillary transparece ser de todos a mais impressionada com o que se passava à sua frente, com um ar misto de surpresa e horror, a mão levada à boca em aparente espanto. O que via a senhora Clinton para demonstrar espanto?

A morte de Bin Laden, infelizmente, não põe fim ao terror, menos ainda à Al-Qaeda, assim como não é verdade que o terrorista morto não tivesse mais qualquer comando operacional junto à organização terrorista, como sustentam alguns especialistas.

Ele liderava as ações, muito embora depois do atentado das torres gêmeas a rede tenha se fragmentado em núcleos distintos, principalmente em decorrência da ação americana e de outros países ocidentais, que frearam em muito a atividade terrorista, através de um sistema de informações interligado e um rigorismo por vezes neurótico do aparato policial.

O abjeto Bin Laden não era apenas uma figura simbólica; detinha importância e liderança, e era homem de ação no comando da Al-Qaeda. É inegável que a sua eliminação é um golpe muito duro na organização, mas longe de dizer que ela deixará de agir.

Outro revés significativo que vem enfraquecendo a ação destes celerados são as recentes revoltas no mundo árabe, que se levantam hoje contra as ditaduras, clamam por liberdade, democracia, direitos, num comportamento completamente diverso do que prega o terrorismo islâmico.

Quando Obama noticiou que Bin Laden estava morto e escondido no Paquistão, foi também um aviso velado de que ele, Obama, tinha certeza que o serviço de inteligência paquistanês sabia que Osama estava lá escondido, pois se encontrava num casarão a poucos metros da mais importante academia militar do Paquistão.

Sabe-se que a principal agência de inteligência do Paquistão está infiltrada de fundamentalistas. Não é que o governo paquistanês apoie a Al-Qaeda, mas há uma divisão no Estado paquistanês e uma profunda infiltração dos órgãos de segurança pelos fanáticos islâmicos. E foi nos anos 80, também no Paquistão, que surgiu o Taliban.

Os Estados Unidos, a partir de agora, terão de enfrentar, com maior ênfase, a saída das suas tropas do Iraque, que, de certa forma, já está definida, e é importante que isso aconteça para que aquele povo sofrido reencontre o seu caminho, sem tutela e tutores.

Já o Afeganistão apresenta situação diversa. Depois da eliminação de Bin Laden, a estratégia terá de ser revista, não necessariamente no sentido de uma retirada mais rápida. Claro que isso dependerá da reação da Al-Qaeda à morte do seu líder. A estratégia militar americana há muito tempo já não se refere – sob o ponto de vista do comportamento bélico – ao Afeganistão separado do Paquistão. A diferença – profunda – é que o último possui forte armamento nuclear.

De concreto com o episódio fica que, depois de mais de dez anos de busca, um facínora, responsável pela morte de milhares de inocentes pelo mundo, civis, mulheres, crianças, completamente dissociado do que prega o Islamismo, deixa de infernizar aqueles que buscam, verdadeiramente, a paz.

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