Morre um dos fundadores da comunidade Martin Luther de Osório
Morreu nesse sábado, em Curitiba, o pastor Elio Müller, um dos fundadores da comunidade Martin Luther de Osório.
O historiador Rodrigo Trespach lamentou o fato e lembrou da importância de Elio em sua vida.
– Foi através do pastor Elio que conheci a história do Vale do Três Forquilhas e dei início às minhas pesquisas sobre Imigração Alemã no Litoral Gaúcho. E quis Deus que ele nos deixasse neste ano em que completamos 190 anos de imigração na região. É uma perda irreparável, por tudo o que ele representa para a história regional, para a Igreja Luterana, para a comunidade. Mas nos deixa com a certeza do dever cumprido, de ter podido contribuir com o desenvolvimento de uma comunidade carente de lideranças. Minha gratidão eterna! Que siga o caminho da luz, caro amigo.
Biografia (Por Rodrigo Trespach)
Elio Eugenio Müller nasceu em 12 de novembro de 1944 em Panambi, Rio Grande do Sul. Filho de Arthur Theodoro Müller e Hilda Radmann era bisneto de um imigrante boêmio que veio ao Brasil na década de 1870. Completou o Ginásio, no Colégio Evangélico de Panambi, em 1963. Durante a adolescência foi pintor, balconista, impressor, tipógrafo e repórter do jornal O Panambiense. Serviu no exército em Cruz Alta, no 17.º Regimento de Infantaria, de onde saiu como cabo. Em 1968 ingressou na Escola de Formação de Obreiros Eclesiásticos da IECLB, em Ivoti. Formado após o curso intensivo foi designado para a Paróquia de Três Forquilhas (RS), aonde chegou em 17 de dezembro de 1969.
Casou em 19 de dezembro de 1970 com Dóris Voges Bobsin, neta do pastor Carl Leopold Voges, o primeiro pastor protestante do Litoral Gaúcho, com quem teve dois filhos, Carlos Augusto e Cristiane. Envolveu-se de tal forma com a comunidade que publicou depois, em 1992 e 1993, dois livros sobre a história da região, Três Forquilhas (1826-1899): 1.ª fase, a formação da Colônia e Três Forquilhas (1900-1949): 2.ª fase, do Império à República, os primeiros trabalhos sobre Três Forquilhas que compreendem toda a história da antiga colônia de forma ordenada e que servem de base para quase todas as pesquisas referentes ao assunto.
Müller deixou a comunidade em 1975, mas nunca se desligou totalmente das atividades locais. A esposa, por herança, recebeu a casa construída na década de 1860 e que fora de Carlos Frederico Voges Sobrinho e Bininha Schmitt – O Sítio da Figueira, que se transformou no núcleo de pesquisa da história da região.
Na sequência, atuou como pastor nas paróquias de Sobradinho/RS (1975-1976) e Novo Hamburgo (1976-1983).
Como capelão do Exército Brasileiro atuou na 5ª Região Militar (Curitiba-PR) de 1983 a 1994, no Comando Militar do Nordeste (Recife-PE) de 1994 a 1998 e na Chefia do SAREX (Brasília – DF), de 1998 a 1999, sendo o primeiro luterano a exercer a função desde os tempos do império.
Aposentado como coronel e capelão do Exército Brasileiro, Müller costumava passar as férias no Sítio da Figueira. Faleceu em Curitiba, em 12 de março de 2016.