Nem a criança, nem o policial: alvo na morte de menino em Imbé seria outro, diz investigação

Nem a criança, nem o policial: alvo na morte de menino em Imbé seria outro, diz investigação Foto: Jussara Pelissoli

O alvo do assassinato que chocou o Litoral gaúcho, não seria o policial da reserva da Brigada Militar, muito menos seu filho.

Segundo o delegado Antônio Carlos Ractz, os criminosos que atacaram a residência da família efetuaram mais de 50 disparos com pistolas.

Ractz afirmou que os atiradores só não mataram todos que estavam na casa porque acabaram as munições.

Havia seis pessoas na residência no momento do crime. O alvo do ataque seria outro colombiano, companheiro da neta do policial militar aposentado, que conseguiu escapar do local.

— Uma criança, de apenas seis anos, estava brincando e vendo TV num domingo à tarde, na sua casa, com um irmão autista, com os pais, quando entram aqueles indivíduos, efetuando série de disparos, ela corre para os braços dos pais, e é morta na frente dele. Isso tem de ter uma resposta, independentemente do filho de quem fosse — disse Ractz.

No fim da manhã, em coletiva de imprensa, os policiais detalharam a ofensiva realizada nesta quarta-feira.

Um esquema de agiotagem pode estar por trás do ataque a tiros que resultou na morte da criança de seis anos.

Segundo a polícia, um grupo de colombianos está envolvido em um esquema de agiotagem – prática ilegal de emprestar dinheiro com juros elevados.

Na semana passada, um outro colombiano foi assassinado em Capão da Canoa. O homem de 30 anos seguia em uma motocicleta às margens da Estrada do Mar, quando foi atingido a tiros.

Segundo a polícia, há suspeita de que este homem estivesse atuando como agiota.

— Na segunda-feira, tínhamos já elementos que comprovaram a conexão entre esses dois fatos (do crime de Capão da Canoa com o ataque à casa em Imbé), envolvendo esses colombianos, que se dedicam aqui no Litoral, como também em outras regiões do Estado e outros Estados, à agiotagem.

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Eles estão organizados, ou seja, integram organização criminosa, onde emprestam dinheiro a juros abusivos.

E para essa cobrança eles se valem da extorsão. Houve um desacerto entre eles, isso tudo partindo com ligação direta da Colômbia.

Aqui no nosso país eles lavam dinheiro. Esse dinheiro que eles acabam emprestando é oriundo de lavagem — afirmou o delegado Antônio Carlos Ractz durante a coletiva.

Ação da polícia

Mobilização conjunta da Brigada Militar e da Polícia Civil cumpriu 14 mandados de busca e apreensão na manhã desta quarta-feira (10/8), em decorrência do crime que resultou na morte do menino Brayan Vidal Ferreira, em Imbé, no último domingo (07), e de homicídio em Capão da Canoa na quinta-feira passada (04/8).

A ação policial integrada ocorreu no Litoral – em Imbé, Tramandaí, Capão da Canoa, e no Vale dos Sinos – em Campo Bom, e, até o momento, resultou na apreensão de três motocicletas, capacetes e roupas utilizadas durante os homicídios, celulares, e dinheiro que configura agiotagem possivelmente praticada por um grupo de indivíduos oriundos da Colômbia.

Em dinheiro foram apreendidos cerca de R$ 15 mil, valores em peso colombiano, euro e dólar e algumas notas falsas de reais.

Foi preso em flagrante um colombiano (45 anos) com o dinheiro brasileiro falso.

Os materiais apreendidos poderão auxiliar os órgãos de segurança a elucidar as circunstâncias que envolvem a invasão da residência de um sargento da reserva da Brigada Militar, em Imbé, por três homens, que entraram atirando e acertaram o militar no braço e seu filho de seis anos, que acabou falecendo; e também o homicídio de um colombiano, em Capão da Canoa.

No dia seguinte à ocorrência (segunda/08), o Comando-Geral da Brigada Militar já destinou um reforço de efetivo da Capital ao Comando Regional de Polícia Ostensiva do Litoral (CRPO Litoral) para atuar junto aos policiais militares da região, intensificando os trabalhos de Inteligência e resposta qualificada ao caso.

O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio dos Santos Feoli, e o subcomandante-geral da Corporação, coronel Douglas da Rosa Soares, acompanharam, em Imbé, a operação policial de cumprimento dos mandados, coordenada pelo comandante do CRPO Litoral, tenente-coronel Ney Humberto Fagundes Medeiros, e pelo delegado de Polícia Civil de Imbé, Antônio Carlos Ractz Júnior.

O coronel Feoli afirmou que, no caso de Imbé, independente de um policial militar da reserva e seus familiares terem sido atingidos por ato criminoso, todo o Estado foi atacado.

“Não há outro caminho para frear a criminalidade senão sermos reativos”, destacou o comandante-geral da BM.

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