Sergio Agra

O ALEPH

Capítulo II da Série As Crônicas de Aleph

O que (quem) é Aleph?

Esta pergunta tem respostas diversas: na literatura, na matemática e nos estudos linguísticos relacionados com os sistemas de escritas (alfabetos). Um dos sentidos mais intrigantes é aquele dado pelo escritor argentino Jorge Luis Borges — autor de um conto chamado O Aleph— para quem a palavra significa “o ponto de onde é possível se ver todos os outros pontos do universo”.

O Aleph é um conto de Borges, publicado em 1949, em que o protagonista se depara com a possibilidade de conhecer o ponto do espaço que abarca toda a realidade do universo num local bastante inusitado: no porão de um palacete situado em Buenos Aires, prestes a ser demolido. Este ponto recebe a alcunha de Aleph— a letra inicial do alfabeto hebraico, correspondente ao alfa grego e ao a dos alfabetos romanos.

Aleph é a primeira letra de vários abjadssemíticos, assim como o alif? do alfabeto árabe e o Aleph do alfabeto fenício. O Aleph fenício deu origem ao Alpha grego.

A origem do nome Alephhebraico (?) é o desenho de um touro, ou aluf em hebraico antigo.

O nome Aleph designa aqueles que gostam do que é belo. Eles são especialmente charmosos e criativos. São bons professores, escritores, atores, pintores, oradores, pregadores, filantropos. Buscam qualquer atividade que envolva a criação de coisas bonitas, harmoniosas e agradáveis. Aprendem a superar os interesses menores e cultivam uma visão universal, e assim descobrem que o ato de servir à humanidade lhes traz grandes recompensas. Os negativos tendem a ser emotivos ao extremo, pouco práticos, amargos, egoístas e instáveis. A solidão não é sua companheira. A harmonia na vida só acontece quando liberdade e responsabilidade estão bem dosadas. Apontam para a dispersão, falta de energia, dependência, insatisfação, separação, tentações perigosas, imprudência, inquietação, irresponsabilidade, vícios e hipocrisia.

E Aleph, em cada uma de suas dicotomias, é isso tudo, lhes asseguro.

Como posso ser tão taxativo?

Eu o sei! Conheço Aleph quase que por toda uma existência!

Quem sou eu? Meu nome? Isto, agora, é o que menos importa. Apenas aceita meu convite: como se sobre uma imensa mesa eu te estendesse o mapa de uma ainda misteriosa cidade e dela vislumbrasses o seu imenso lago-rio, suas casas, seus castelos e museus; suas ruas demasiadamente arborizadas, suas floridas praças e seus recônditos bosques que segredam mágicas cascatas.

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