Colunistas

O canto da Cultura

Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro*
Eu vou…

Os que se deixaram amedrontar pela noite fria da segunda-feira, 15, optando pelo chazinho quente e as pantufinhas de pelúcia, ou por curtir as irritantes, maçantes e inverossímeis situações que só a global Amor à Vida esbanja, desconheceram que, aqui mesmo, em Capão da Canoa, no átrio da Casa de Cultura Érico Verissimo, se fez ouvir o canto da Cultura.

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou…

Naquela gélida noite, Egon Birlem, Felipe Daer, Gláucia Gomes, Jaqueline de Lima, Jone Rosseto, Cláudia Duarte, Esther Fabiana, Rodrigo Rocha, Moyses e Patrícia (O Cravo e a Rosa), e tantos outros que, de forma direta ou indireta não somente contribuíram para o sucesso da 1ª Mostra Cultural Etc. e Tal, mas disseram a que vieram.

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot…

O átrio da CCEV tornou-se pequeno para abrigar a todos os que lá compareceram – em que pese a contumaz ausência dos representantes do executivo e do legislativo a esse gênero de efeméride – para, maravilhados, assistirem ao espetáculo de música, artes plásticas, dança, poesia e teatro por valores – SIM! – aqui nascidos ou que, por afeto, escolheram para viver e doar o talento de que são portadores.

O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou…

Se o Gigante despertou e o seu povo às ruas saiu para bradar pelos seus mais fundamentais direitos, ainda que se valesse da vaia à figura presidencial, Capão da Canoa e os amantes da Cultura prescindiram de similar manifestação para demonstrar seu descontentamento e frustração ante as vazias promessas da criação de uma Secretaria específica e a inconformidade ao desdém de alguns representantes da administração pública para com os eventos verdadeiramente culturais.

Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não…

Foi com o peito cheio de amores e emoções que Egon Birlem, ao lado da simpática presença da Secretária de Educação Lavínia, expressou a razão daquele mais que sarau, o Canto da Cultura. Gravou-se a ferro e fogo a certeza de que a próxima edição – já no auditório da Casa – abrigará a todos os generosos corações e mentes num só calor, numa só emoção, como fora a inesquecível noite de 15 de julho.

Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou…
Por que não, por que não…
Por que não, por que não…

*Alegria, alegria Caetano Veloso

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