Colunistas

O futuro da humanidade – Jayme José de Oliveira

O futuro da humanidade - Jayme José de OliveiraAs religiões não podem ser descartadas quando se projeta o futuro da humanidade, fazem parte intrínseca da civilização desde o primórdio.

Empreguei o plural porque nenhuma deve se sobrepor, todas as que pregam o bem-estar universal merecem nosso respeito.

Podemos incluir neste círculo virtuoso os ateus que primam por filosofia humanista. Em 13/03/2017 o Papa Francisco fez um dos seus pronunciamentos que ficarão marcados na sua trajetória já tão impactante: “Não é necessário crer em Deus para ser uma pessoa boa.

De certa forma, a ideia tradicional de Deus não está atualizada. Alguém pode ser espiritual, porém não necessariamente religioso.
Não é necessário ir à igreja e dar dinheiro.

Para muitos, a natureza pode ser uma igreja.

Algumas das melhores pessoas da história não criam em Deus, enquanto que muitos dos piores atos se praticaram em seu nome”.

O Capitalismo se baseia na maximização do retorno dos investimentos, que serão destinados a uma minoria. Injustiça social. O Socialismo prega eliminar a propriedade privada e colocar a economia nas mãos de um governo impessoal e centralizado. Acaba descambando em Gulags hediondos e nas Nomenklaturas dos “mais iguais”.

A diferença entre o Capitalismo e o Socialismo é se os bens materiais e o poder ficam concentrados em mãos privadas ou de burocratas.

Nem Capitalismo, nem Socialismo, uma terceira via se vislumbra na fímbria do horizonte: a Social Democracia que desponta nos países escandinavos – Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia – são os que mais se aproximam desse equilíbrio representado na conjunção entre a eficiência do Capitalismo com a distributividade do Socialismo. A meta a ser alcançada.

Nos Estados Unidos, em 1862, um agricultor produzia alimentos para 3½ não agricultores. Com o advento das técnicas mecanizadas de cultivo e insumos aperfeiçoados – adubos e defensivos – atualmente produz para 27.

Considerando esses dados estatísticos, os ecologistas extremados que pretendem uma agricultura-pecuária sem o uso de defensivos, mecanização intensiva, técnicas que interferem no meio ambiente, etc., estão em confronto direto com a teoria da bioética, senão vejamos. Não resta dúvida que a agricultura orgânica produz alimentos mais saudáveis, porém a custo elevado e, por conseguinte, apenas ao alcance dos consumidores de alto poder aquisitivo. E os demais, a maioria da população? Estarão excluídos definitivamente. O efeito colateral: – perverso – uma agricultura e pecuária como esses ecologistas pretendem aprofunda o fosso de desigualdade que os bioéticos lutam por diminuir.
A mecanização e, atualmente a cibernética, num primeiro momento canibaliza empregos,mas, a longo prazocria um número muito maior, com salários melhores, porém exige conhecimentos compatíveis com as novas performances.

Em 1830 o alfaiate francês BarthélemyThimonnier criou uma máquina de costura funcional. Os artesãos, enfurecidos, destruíram a oficina e as máquinas do inventor, preocupados com a possível perda de empregos.Thimonnier voltou para Amplepuis e se sustentou novamente como alfaiate enquanto procurava por melhorias em sua máquina. Ele obteve novas patentes em 1841, 1845 e 1847 para novos modelos de máquinas de costura. No entanto, apesar dos prêmios nas feiras mundiais e de ser elogiado pela imprensa, o uso da máquina não se espalhou. A situação financeira de Thimonnier permaneceu difícil e ele morreu na pobreza aos 63 anos.

Reflitamos, se houvesse prevalecido o desejo dos artesãos, atualmente não haveria a indústria de confecções e incontáveis empregos não teriam sido criados. Outro ponto a considerar, usando métodos puramente artesanais, agulha, tesoura e linha, qual seria o preço duma singela calça de brim? Estaria ao alcance de quantos?

Raciocínios similares podem ser arrolados às centenas, milhares. Transporte de produtos com veículos de tração animal? De passageiros? Olhe para tudo que existe, estaria ao alcance de quantos?

O progresso diminui o fosso da desigualdade, sem ele estaríamos como em 1516 quando Thomas Morus escreveu “Utopia”. Turnos de 16 horas diárias de trabalho, sem folgas semanais, sem férias, sem aposentadorias e salários tão miseráveis que toda a família precisaria trabalhar – inclusive as crianças – apenas para prover a alimentação. Victor Hugo, em 1816, escreveu “Os “Miseráveis” onde, por roubar um pão, o personagem foi julgado e condenado.A história é passada na França durante o século XIX, os cenários são descritos com extrema riqueza de detalhes. O protagonista, Jean Valjean, é um homem comum que se vê obrigado a alimentar a sua família faminta e, para tanto, rouba um pão da vitrine de uma padaria. O jovem é condenado a cinco anos de prisão por furto e arrombamento.

Não estamos vivendo num mundo ideal onde TODOS têm oportunidades duma vida digna, com o tempo chegaremos lá. A jornada para tingir o “Nirvana” é semelhante a uma escada rumo ao infinito, longa, percorrida degrau a degrau. “Até uma jornada de mil milhas inicia com um pequeno passo” (provérbio japonês).

Na escalada, a informática abriu campo para uma nova classe de trabalhadores. Incontáveis empregos altamente remunerados. Exigência? Mais conhecimento. Compensação: menor desgaste físico, as rotinas laborais serão delegadas às máquinas, aos robôs (as mais perfeitas e funcionais). Os humanos poderão se dedicar àquilo que só eles sabem: investigar, criar novas técnicas e ferramentas, instruírem-se, e… LAZER, a sós ou no convívio de familiares e amigos.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

Comentários

Comentários