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O Grêmio e Manuela D’Ávila – Sérgio Agra

O GRÊMIO E MANUELA D’ÁVILA

Tudo leva a crer que o “aviãozinho” do Técnico do Grêmio Fott Ball Porto-alegrense, Renato Portaluppi— tal jumento teimoso e após muita manha e rebenque — decidiu decolar. Está dando sutis, porém perceptíveis sinais do futebol majestoso dos anos 2016 e 2917, modelado ao Barcelona de Pepe Guardiola, Messi, Xavi, Iniesta, Bousquet& Cia. Será, sim, o Campeão da Copa do Brasil, após derrotar o São Paulo e o Palmeiras, respectivamente. O Grêmio alcançará este título jogando o futebol que sua torcida sempre almejou ver: o futebol de toque, de pé em pé, com a bola sempre rolando sobre a grama.

Manoela D’Ávila, por sua vez, conquistará, como ela própria alardeia, o título de a primeira mulher a estar prefeita da cidade de Porto Alegre.

Semelhante à estratégia do futebol vencedor e bonito de ser jogado como o do que o Grêmio se propõe reprisar, aquele futebol que enche de encantamento os olhos e alarga o orgulho de seu torcedor, Manuela “joga” para a torcida: além de seu eleitorado — filiado ao PCdoB, ao PSOL e ao esbugalhado e deprimido PT —, para as donas de casa, para as mulheres da classe trabalhadora que dependem de creches e escolas de educação infantil municipais gratuitas, para os ambientalistas, para ativistas e defensores das diversidades de raça, gênero e credo, para os líderes comunitários, garantindo a eles e a todos a Segurança Pública, a Educação, o Saneamento Básico e, sobretudo a retomada do mercado de trabalho pelo pequeno empreendedor — o hortifrutigranjeiro da Zona Sul de Porto Alegre, o pequeno comerciante dos armazéns, das padarias, dos bares dos bairros como Humaitá, Mário Quintana, Restinga, Lomba do Pinheiro que ou perderam seus empregos formais ou viram as portas de seus estabelecimentos cerradas pela crise gerada pela pandemia do Covid-19, através da “concessão de linhas de crédito” (quem/qual será a fonte geradora que subsidiará tal concessão aos pequenos empreendedores?).

Como a equipe do Grêmio, que encanta seus torcedores com um futebol que se insere no campo do realismo mágico e será o Campeão da Copa do Brasil, Manoela “encanta” com seu carisma, empatia e retórica — como se esta retórica tivesse o poder de ilustrar a genialidade das telas florais de um Edouard Manet, de Vincent Van Gogh ou de um Pierre-Auguste Renoir—, garantindo àquelas pessoas o que elas necessitam no presente momento: “ouvir”, “ver” e “sonhar” que isso poderia se tornar ponderável.

Sebastião Melo, ao contrário, não promete quadros de impressionante beleza e genialidade como os das pinturas daqueles artistas que recheiam o discurso de Manuela. Não tem carisma, retórica, tende a ser monocórdio. Garante o básico, o palpável, o ponderável, o possível, sem adornos e sem as cores imaginadas por Manuela, Defende tal sua adversária a retomada da economia da cidade por meio da “criação de linhas de crédito” (e aqui volto a questionar: quem/qual será a fonte geradora que subsidiará tais créditos aos pequenos empreendedores?).

“Pelé calado é um poeta. Quando abre a boca, só fala merda!”. Esta foi a resposta do debochado e ferino Romário, dono da camisa 11 da Seleção Brasileira Tetracampeão da Copa do Mundo de 1994, quando perguntado sobre o que ele pensava da frase proferida por Pelé acerca das eleições: — “O brasileiro não sabe votar”.

Poderemos sepultar ad perpetum a praga (porém real) rogada por Pelé, ou Romário, e nós todos, termos que pedir perdão a Edson Arantes do Nascimento?

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