José Alberto Santos da Silva
Colunistas

O Sequestro de Exú – José Alberto Silva

O Orum é uma forma de vida em princípio incompreensível aos humanos por sintetizar conceitos além de nossos dicionários. O que se percebe de pronto é sua sinonímia com o eterno. Indiscutível.

Alguns desses conceitos são alcançados pela evolução dos homens impulsionada pela interpretação dos anjos que nos servem de tradutores da orientação divina vinda do Orum. No Orum não há tempo nem espaço, formas ou inverdades.

Tais intérpretes são conhecidos entre nós como anjos disso ou daquilo, santos e orixás, todos com linguagens a salvar e santificar os submissos ao poder divino, e por outra, parece que não compreendidos por confundir os já confusos, os celerados, os descrentes, maníacos e falsários de outros mundos.

Aqui ao onde a vida é plena e se autorregenera, daqui e de lá onde o horizonte beija a terra e o absurdamente lógico se esclarece em função do que podemos ser e realizar, ou daqui dos paralelos desse mundo por localizar-se em todo lugar, o Orum manda emissários para nos limparem do excremento que somos, sem considerar que limpos somos saúde, bem estar e vida plena.

Isso até desfalecermos para partir do compartimento dos vivos acrescidos de uma benfazeja consciência mínima. No Orum composto de todos os elementos da natureza, restrita a um planeta, está a humanidade que pouco percebe de suas infinitas subdivisões e por fantasiar seus sentidos vê, sente e mente.

Outros mundos da grandiosidade do Orum não são percebidos no outro lado da cama onde dormimos, na cadeira vazia de nossa mesa, do outro lado da rua onde circulamos; estão no invisível de nossos medos e paixões, nas ambições que se diluem, no que se tem como loucuras em variados matizes.

Exu Bará, o mensageiro do Orum, e sua falange de auxiliares transita nessa infinitude, multiplicado por tantos quantos sejam esses mundos com nomes diferentes.

Assim como há no planeta regiões infernais de quentes ou frias, no Orum tais regiões estão justapostas, cada uma vivendo realidades diferentes com seus seres e manifestações próprias que não são percebidas umas pelas outras. Tem-se ideia disso entre os humanos verificada na saudade sofrida por aqueles que deixam a terra natal.

Em recente transição de 3000 anos até os dias atuais, a caminho do nosso mundo, Exú ao assumir forma humana e atravessar as nuvens de nossa atmosfera de compreensão, deparou-se-com uma mulher/nuvem. Encantado quedou-se estaqueado.

Ora tinha feições de mulher branca como chumaços de algodão, ora avermelhada, preta ou oriental. Por momentos confundiu seu extasiar com a beleza daquela mulher com arrepios de algo parecido a gotas de chuva ácida.

Os tambores que bombeiam seu sangue engasgaram por um momento e ele teve a impressão dela deformar-se raivosamente. Fugiu daquela pareidolia, uma armadilha. Liberto Exú/Bará ecoou sua gargalhada salvadora pelo mundo para cumprir sua missão com outras divindades.

No universo dos homens foi à África das ciências e da magia, de reinos justos e estáveis para alertar faraós para o risco de expor seus povos a sofrimentos, caso persistissem no usufruto vaidoso do ouro, da desamigada exploração e indiferença aos necessitados.

O Egito existente há séculos foi unificado como potência econômica e cultural pelo Faraó Narmer em 3,5 AC. Glória finda com Cleópatra em 30 AC, caída nas mãos de Roma.

O mensageiro trazia recados para negros, judeus, ciganos, vermelhos, brancos e amarelos.

Para cumprir sua missão entre os povos, censurou a violência sem sentido, limpeza étnica entre povos de origem comum, viu hordas de famintos, desprezo a superdotados, cultura e conhecimento restritos a escolhidos. Poucos lembrando dores de avós e decavós.

De uma panela vazia, de um roupeiro, de um bolso, do compartimento de lugares improváveis emergiam seres assustadores e monstruosos para destruírem humanos vistos por eles como seres assustadores e monstruosos.
Exú não encontrou os retintos faraós, nababos bem viventes e arrogantes.

Rolou nas savanas africanas, entre pirâmides e universidades.

O Orum queria impedir colonizadores de destruir reinos e culturas, o que se deu séculos depois sob a égide cristã, do J-ESU-S. Sua suposta Igreja copiou cultura, saqueou riqueza, sequestrou e escravizou seus descendentes que adoeceram no além mar.

Tudo com base no castigo a Kam e nas colorações do barro com que se fizera o homem.

Procurou e não encontrou lideranças semíticas, amarelas, vermelhas e brancas.

Envergonhado, o mensageiro do Orum tornou-se confuso e foi confundido com velhos demônios das mil faces, tomado por celerado foi preso onde encontrou líderes impedidos de agir, tornou-se descrente, mentiu como falsário depressivo de outros mundos, bebeu além da conta.

Exú tomou ciência da noção do tempo passado, enquanto retido pelos encantos daquela mulher/nuvem. Passaram-se séculos. O Orum confiara nele. Tem vergonha de pedir perdão.

Não existem mais sábios e poderosos faraós na África para impedir o sequestro de 20 milhões de africanos para serem escravizados e depois discriminados pelo mundo, a partir de equívocos como.

O barbarismo justificou a exploração do continente. Exú estava zangado à procura da alma negra sem identidade, sem consciência dos seus valores culturais.

Exú gagueja em frases entrecortadas, revoltado com a divisão do continente loteado entre invasores europeus na Conferência de Berlim (1884-1885).

Adentravam ao continente africano para saquear suas riquezas, sofridos na miséria feudal, como hoje morrem pelo clima e acidentes nucleares.

Exú insiste que a salvação é coletiva. Revendo histórias ancestrais novas almas sofrem por tal ideal. Até os dias atuais é difícil a recuperação do segredo da solidariedade, espírito de coletividade em todos os povos. Com tal segredo no lixo, a saúde física, mental e espiritual ficou prejudicada.

Próceres da antiguidade são mandados de volta como lideranças mundiais para a reparação de seus erros. Como fonte de poder o Orum tem mandado outras divindades como emissários ao compartimento dos homens, e sete deles tomaram formas dantescas de pragas que se sucederam no Egito.

Séculos após libertar-se daquela pareidolia, resgata seu poder e “encosta-se” em espíritos salvadores. Falsários cantam e dançam em reverência fantasiada e teatral a J-ESU-S, mas ele não está ali.

Sobre belas almas lutando pela salvação coletiva, todos orientados por exus menores que receberam sua benção, encontrou e estendeu sua bandeira sobre indígenas como Gerônimo, Nuvem Vermelha, Raoni Metuktire e Sonia Guajajara para salvar povos originários da terra que tiveram milhares dizimados.

Do mesmo modo entre os negros viu Mandela, na prisao, M.L. King, Zumbi dos Palmares, Agostinho Neto. Pelo mesmo conseguinte “encostou” em filhos de Israel que perderam seis milhões de uma só vez, para orientar Golda Meir, Albert Einstein, Bob Dylan e Van Gogh. Entre os brancos uniu-se a Churchill, Angela Merkel, Goeth, Alexander Fleming, Sabin. Entre os orientais viu Mao Tse Tung, Pol-Pot, Kim-II-Sung, Wang Zhenyi. Teve passagens ainda por Indira e Mahatma Gandhi, Halle Selassie, Thomaz Edson e outros.

Pela qualidade mediúnica algumas pessoas transitam de mundo a outro em arremedo ao movimento de Exú. Convivemos com essa diversidade de mundos justapostos do Orum, inconscientes da sua influencia em nossas vidas.

Alucinações, drogadição transferem a mundos de onde não retornamos. A humanidade está dentro de seu mundinho neste conjunto de coisas, com subdivisões, diferenciações vistas e sentidas por várias pessoas vivendo em frequências diversas.

É assim que a sexualidade tem amplo espectro de manifestações. Muitas manifestações humanas não são compreendidas ou sequer admitidas que existam senão naquilo que tomamos como imaginário, delírio de artistas, doenças da mente e do espírito.

A bondade divina, sustentáculo onipresente do Orum expele seu alo de amor prejudicado pela relação promíscua entre bem e mal que enfeitiçou Exu.

Assim como da esfera humana emanam grandiosidades, noutros mundos proliferam almas daninhas, os celerados, os cruéis, covardes, sórdidos que frequentam e confundem-se com elementos do bem, que em figura de gente são lideranças nefastas.

Psicóticas, neuróticas, almas de outros mundos que ao verem coisas por outras óticas enxergam a terra oca habitada por mundos infernais ou quadrada. E Inocentemente convivemos.

O alo divino de que se constitui mantém o viço do Orum, particularmente no planeta terra dos homens, com a propriedade dos ventos, dos alimentos, matizes de beleza e colorações, evitando que saia de rota e perca o sentido.

A falta desse alo fará o planeta murchar como laranja podre indo pro compartimento morto do Orum.

Exu/Bará quer se explicar ao Orum após reencontrar lideranças que procurara séculos atrás. Lembrou-lhes do dever de salvarem seus povos do sofrimento.

Repetiu-lhes que não haverá salvação individual pela riqueza de qualquer natureza. O fim dos dinossauros foi decretado para todos, decaíram reinos e impérios, a exemplo do inca e do egípcio que se auto destruíram em guerras fraticidas, fome, profusão de doenças, erupções vulcânicas, nuvens venenosas, terremotos e meteoros incandescentes.

Confessou-se extasiado por um tempo pelo efêmero de uma ilusão mutante que se fizera nuvem de tormentas que viriam. Um passo à frente e poderemos ver que o Orum é o grande todo arquitetado para fazer a glória do universo.

Já era tempo da evolução do nosso mundo ter promovido a unificação dos humanos.

Em caso de substituição da hegemonia de uma raça sobre as outras, a raça substituta vai se comportar tal qual a dominante anterior, com forte memória em males do eterno.

Só o mensageiro tem o recado que precisamos ouvir.

Mesmo indo e voltando até o Orum para depurar-se, ao atravessar as nuvens para entrar na atmosfera de compreensão do nosso planeta, nosso sentimento divino se perde ao dar atenção a nuvens de fumaça.

– LAROYÊ EXÚ!

José Alberto Silva

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