Colunistas

Os saldos da 8ª Feira do Livro de Capão da Canoa

Engana-se a minha generosa leitora, o meu condescendente legente ao imaginar que meu comentário há de se reportar aos exemplares de obras literárias que estacionaram, esquecidos, relegados, durante anos e, às vezes décadas nas prateleiras das livrarias cujo melancólico destino, ao fim e ao cabo, é o balaio dos saldos de feira, vendidos ao preço de R$ 1,99 a dúzia. Não, não é destes livros que jamais comprei, em respeito ao próprio autor, e que vemos condenados ao desterro naquele balaio coletivo. Não!

Vou comentar a solenidade de abertura a 8ª Feira do Livro de Capão da Canoa, em especial, à tarde de autógrafos de Uma Casa Chamada Nazareth, meu quarto “filho”.
Ante os inusitados fatos ocorridos nesta Feira, conclui que cultura, literatura e livros somente tocam e comovem corações e mentes – autores e público leitor – dos verdadeiramente por eles apaixonados.

Já afirmara que dois eventos com fins diametralmente distintos não podem, pacífica e educadamente, conviver num mesmo espaço ou em áreas muito próximas.
Carlos Urbim, carismático Patrono desta 8ª Edição, disfarçou, com maestria, a lancinante dor e o desconforto de uma crise de coluna o vitimara. Não sem dificuldades, venceu os degraus de uma escada que lembrava a dos aviões dos correios da 2ª Guerra Mundial e posicionou-se no palco. Onde ficou a logística da Administração Municipal?

A seguir, exatamente no momento em que se deram a execução do Hino Nacional, os pronunciamentos de Urbim, das autoridades e a apresentação de um esquete sobre a obra Um Guri Daltônico, de autoria do Patrono, desandou, no outro evento, o desvairado som de uns tidos como roqueiros, na evidente e desrespeitosa demonstração de falta de civilidade.

No mais, graças ao inaudito esforço das bravas e guerreiras meninas – como carinhosamente as chamo – da Comissão Organizadora, tudo correu a contento.

No sábado, 19, era chegada a minha vez de “vencer” a tal escadinha de avião de guerra, e receber meus leais amigos para os autógrafos. Se não fossem eles… A sucessão de surpresas não foi pouca: um casal, ela, minha colega dos bancos acadêmicos, acarinhou os três títulos que expus no estande da Livraria Praiamar; um amigo de infância que passava o feriado marcou a presença; e, o inacreditável, a especial amiga que chegara, naquele momento, vinda de Porto Alegre apenas para me abraçar e levar o “rebento literário” que, naquela tarde eu lançava.

Os demais?… Não por ausência de convite e informação, à exceção dos poucos cujas exigências de trabalho os impediram, como nas ocasiões anteriores em que aqui, em Capão da Canoa, lancei Mar da Serenidade e O Corpo de Gioconda, justificaram: “estava areando a churrasqueira, estava com uma unha encravada, estava fazendo um bolo de chocolate, fiquei afastado do Face e não soube, estava ameaçando chuva, seria perigoso me molhar…”. E aquele outro, que chama a companheira de “pensão do INSS”, ficou em casa, certamente assistindo à TV e tirando os “rolinhos” dos dedos do pé.

E “alguns” poucos da Associação dos Escritores do Litoral Norte? Ah, esta já é uma outra compassiva história…

Mas, poetas, cronistas, romancistas, escritores, enfim, somos teimosos. Nem a escuridão das vinte mil flechas da incultura nos silenciará. Ao contrário, combateremos à sombra, como já dissera Leônidas nos Desfiladeiro das Termópilas.

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