Pais de João Hélio criticam declarações de Lula

Os pais do menino João Hélio, arrastado até a morte por bandidos que roubaram o carro da família no Rio de Janeiro, fizeram duras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hélcio Lopes Vieites e Rosa Cristina Fernandes não concordam com a oposição do presidente à redução da maioridade penal. Eles concederam entrevista ao jornal Extra.

“O presidente diz que não podemos fazer mudanças sob comoção nacional, então o que ele vai fazer? Nada? E se fosse o filho dele, o que ele faria? Qual seria a solução? Deveria ter um investimento pesado na área de segurança, com construção de presídios de segurança máxima para colocar todos esses criminosos na cadeia mesmo, em regime fechado. A partir do momento que eles se virem punidos, eles vão pensar duas vezes antes de cometer os crimes. Está tudo a favor da bandidagem”, desabafou Rosa.

Para o pai, se um adolescente é considerado responsável o suficiente para eleger o presidente, precisa responder também por seus crimes. “Eu fiquei triste com essa declaração do nosso presidente da República, porque toda a cidade se mobilizou e ele parece que não entendeu o que está acontecendo. A frase do Lula é uma amostra do descaso que os políticos têm com a sociedade, ele foi muito infeliz”.

Em discurso na última sexta-feira, Lula afirmou que o Estado e a sociedade não poderiam agir “com vingança” e permitir que a emoção prevaleça sobre a razão na hora de punir. “Então eu fico me perguntando se seria justo punir apenas quem cometeu a barbaridade e se esquecer de fazer a punição a quem é o culpado por esses jovens terem chegado a essa situação. (…) Se a gente aceitar a diminuição da idade para puni-los, para 16 anos, amanhã estarão pedindo para 15, depois para 9, e quem sabe algum dia queiram punir até o feto”, disse o presidente.

Carnaval
Os pais de João Hélio pedem também que a população não esqueça, após o Carnaval, o drama que eles viveram. “O Carnaval é uma festa popular característica do Rio de Janeiro e o povo costuma esquecer tudo o que está acontecendo quando vem esse momento de alegria. É uma fuga que o carioca usa para esquecer os problemas”, disse Rosa.

Segurança
A família, que está se mudando da Piedade para o Méier, teme a falta de segurança nas ruas do Rio de Janeiro. “As poucas vezes que a gente se locomoveu depois do que aconteceu, viu que nada mudou. Não vemos um carro de polícia, continua tudo a mesma coisa na rua”, reclamou Hélcio.

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