Perícia revela identidade de mulher que dava golpe dos nudes no RS

Uma perícia de comparação facial foi responsável por confirmar a identidade de uma mulher que aplicava o chamado golpe dos nudes na internet.

A golpista gravava vídeos ameaçando homens que haviam trocado fotos ou vídeos íntimos com outras pessoas da quadrilha.

O objetivo era extorquir as vítimas, ameaçando expor a situação para familiares ou fazer denúncias para a Polícia. Ela foi presa no último dia 23, em Novo Hamburgo.

Outra suspeita foi presa em Farroupilha.

Dois vídeos gravados pela mulher foram enviados para a Seção de Perícias em  Áudio e Imagens (Sepai) do Departamento de Criminalística do IGP.

A Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos, responsável pela investigação, também enviou imagens das duas suspeitas, gravadas enquanto elas prestavam depoimento, e fotos obtidas na delegacia. As duas eram brancas, de olhos castanhos e cabelo loiro.

O primeiro passo do exame foi o melhoramento das imagens.

Elas foram ampliadas, processadas e trabalhadas para avaliar se possuíam qualidade suficiente para os exames.

Outro cuidado foi observar se as faces a serem analisadas tinham as estruturas (como linha de implantação capilar, orelhas, nariz e boca) desobstruídas, o que é imprescindível para o exame pericial.

Um dos vídeos não atendia a estes critérios, e foi descartado. O outro, considerado adequado, seguiu para análise.

A perícia em si é feita com o uso de dois softwares específicos, e requer conhecimentos de processamento de imagens e anatomia facial humana. Os peritos compararam a imagem do vídeo com as das suspeitas, em busca de convergências.

Foi utilizada uma escala, que vai do -4 (nega a hipótese de que seja a pessoa) ao + 4 (confirma a hipótese) . A imagem da primeira suspeita foi totalmente descartada.

Os exames na imagem da primeira suspeita tiveram resultado -4, ou seja, afastaram a hipótese de que ela fosse a pessoa do vídeo.

A comparação com a imagem da segunda suspeita revelou vários pontos convergentes. Apesar de, no vídeo, a mulher ter o cabelo preto e estar usando óculos de aro grosso, os peritos encontraram o mesmo padrão em pontos como o formato da sobrancelha, linha na glabela e formato dos olhos.

Também perceberam uma pequena assimetria da abertura das narinas, um sinal na região direita próxima à boca e pintas na região do pescoço.

Observaram ainda que o formato e espessura dos lábios coincidia e que nas duas imagens havia a presença de aparelho ortodôntico – brackets metálicos colados nos arcos superior e inferior.

No total, foram 16 pontos semelhantes, o que permitiu concluir que se tratava da mesma pessoa. As divergências foram explicadas pela diferença de ângulo de captura das imagens.

Segundo o perito criminal Luciano Beux, da Sepai, o exame de comparação facial é fundamental para determinar se o indivíduo desconhecido, visualizado em uma imagem ou vídeo, realmente se trata do indivíduo suspeito.

“É um processo interessante, pois, os indivíduos analisados podem parecer serem pessoas distintas – e a não realização da perícia poderia fazer com que o responsável pelo crime não fosse responsabilizado.

Mas também se verifica o contrário, quando os indivíduos analisados são parecidos, mas as divergências encontradas permitem estabelecer que não são a mesma  pessoa. Neste caso, evitando uma responsabilização indevida”, afirma.

IGP é referência– a comparação facial parte da premissa antropológica de que a face humana apresenta um grau de variabilidade que permite, sob determinadas condições, distinguir um indivíduo dos demais.

Essa perícia começou a ser realizada pelo Instituto-Geral de Perícias em 2014.

Hoje, o IGP/RS é referência nacional na área, recebendo consultas de outros estados para auxiliar na realização de exames. A perícia gaúcha ajudou os colegas de Roraima a fazer um trabalho para identificar um preso falecido, que havia sido cadastrado no sistema daquele Estado em nome do irmão.

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