Peritos do IGP constatam presença de vermífugo na cocaína
Embora a identificação dessa substância tenha sido realizada em janeiro deste ano, desde 2009, os peritos observavam, com regularidade, a presença de adulterante incomum na droga.
O Levamisol é um fármaco imunoestimulante e anti-helmíntico (que agem contra a ocorrência de vermes). Nos EUA, o levamisol foi empregado para o tratamento de câncer de cólon e artrite reumatóide, mas foi retirado do mercado devido aos seus efeitos adversos, entre os quais a agranulocitose, que é a diminuição dos glóbulos brancos. Os peritos acreditam que o Levamisol esteja sendo utilizado como aditivo, devido ao fato de o produto gerado na sua biotransformação, o Aminorex, apresenta propriedades similares às da anfetamina, ter a possibilidade de potencializar os efeitos estimulantes cocaína.
A utilização do Levamisol com adulterante da cocaína foi constatada pela primeira vez em 2004 nos Estados Unidos e na Europa (ONU). Atualmente, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, 70% das amostras de cocaína analisadas apresentam Levamisol, conforme dados da ONU. No Brasil, de acordo com o professor da Unicamp Rafael Lanaro, 10% das amostras apreendidas de cocaína pelas polícias Civil e Federal, entre janeiro e maio desse ano, em Campinas e outras quatro cidades da região, possuíam Levamisol.
No Rio Grande do Sul, de janeiro a junho deste ano, o setor de drogas brutas do Laboratório de Perícias identificou a presença de Levamisol em 278 amostras, oriundas da Capital e do interior do Estado. A adição de Levamisol à cocaína torna o consumo da droga ainda mais perigoso, uma vez que a quantidade ingerida do medicamento geralmente é bem superior à terapêutica, o que acentua os efeitos colaterais.