Pesquisa identifica vírus das tartarugas-marinhas
O ChHV-5 é o causador de um tumor em tartarugas-marinhas, geralmente na região anterior dos animais, como olhos, pescoço e nadadeiras. Segundo Carla, os tumores causados pelo vírus são benignos, mas podem ser fatais em função das regiões atingidas. “Às vezes, eles atingem até órgãos internos, como pulmões e fígado, o que compromete a sobrevivência do animal”, explica.
“Temos registrado nos últimos anos um grande aumento do número de ocorrências desta doença”, ressalta a pesquisadora, que defendeu tese de doutorado sobre o tema no Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O estudo identificou ainda seis variantes do vírus presentes no Brasil, sendo que a maior incidência ocorre nos estados da Bahia (onde 36,8% das tartarugas-marinhas são afetadas), Ceará (32,7%), Espírito Santo (31,8%) e São Paulo (12,4%), segundo dados de 2008. “A média nacional de animais atingidos é de 22,6%”, afirma Carla. No Rio Grande do Sul, apenas uma tartaruga-marinha foi diagnosticada com o tumor.
Foi identificada ainda uma relação entre a gravidade dos tumores e a carga viral (quantidade de vírus por grama de tumor). “Percebemos que os animais com quadros mais graves apresentavam maior carga viral”, explica a cientista.
O estudo também demonstrou a presença da sanguessuga da espécie Ozobranchus no Rio Grande do Sul. Segundo Carla, a possibilidade desse parasita ser um transmissor da ChHV-5 pode ser um dos futuros desdobramentos da pesquisa, em parceria com os laboratórios de Parasitologia e Virologia do IPVDF.