Colunistas

Por que os grandes partem cedo?

Sou socialdemocrata de esquerda (a “distinção” de mão – esquerda ou direita – nos distanciaria ainda mais do reacionarismo?). Repito, sou um cidadão socialdemocrata, portanto, sei que para a socialdemocracia ser implantada em um país, esse país precisa ter uma boa industrialização e um bom comércio. Em suma, uma boa economia. O motivo é simples: não há como tentar redistribuir a riqueza de um país que não tem riqueza. Se um país é miserável, os altos impostos vão literalmente matar todo mundo de fome.Mas não é sobre teoria política, econômica e social o meu comentário de hoje, não! Reitero, sou social democrata e gremista! E o que pretendo comentar é sobre minhas remembranças de quando o Brasil parou.

Na sombria manhã de 24 de agosto de 1954 o Brasil despertou sob o impacto do suicídio do Presidente Getúlio Dornelles Vargas. A convulsão de que fora tomada a Nação foi indescritível. Em Porto Alegre – disso me lembro – um grupo de revoltosos (com o quê, exatamente, até hoje não compreendi) ateou fogo nos estúdios da Rádio Farroupilha, nos altos do Viaduto Otávio Rocha. A rádio pertencia ao Grupo de Emissoras Associadas, de Assis Chateaubriand. No Rio de Janeiro e São Paulo, por conta de idêntica comoção, os conflitos explodiram nas praças e avenidas.

Afinal, escusado dissertar, aqui, os atributos de um homem verdadeira e genuinamente carismático, líder nato, enfim, do maior estadista brasileiro que a História do Brasil não há mais de registrar em seus anais. Afinal, morrer para entrar na História não se presta a qualquer cachorro vira-latas e falastrão.

No dia 01 de maio de 1994, o mundo assistiu pela televisão um grave acidente que resultou na morte de um dos mais queridos ídolos do esporte brasileiro. Naquela manhã brasileira de domingo morria Ayrton Senna da Silva, considerado um dos melhores pilotos de Fórmula 1 da história.

Morto aos 34 anos, Senna foi enterrado no cemitério do Morumbi, em São Paulo, e o governo brasileiro declarou três dias de luto oficial. Ao piloto também foram concedidas honras de chefe de Estado, com a salva de tiros.O País inteiro literalmente parara até que o esquife baixasse à sepultura.Nossas manhãs de domingos nunca mais foram e serão as mesmas.

O povo brasileiro carecia de um modelo, de um líder a quem dedicar incondicional devoção. A política nacional entrava em “parafuso”. Os valores éticos e morais eram despudoramente lançados nas lixeiras do Congresso Nacional. Arapinagem de colarinho branco, terno e gravata instalava-se feito posseiro nos comandos do destinoda Nação. E Senna era a antítese daquela bandidagem.

Sou, como afirmei reiteradamente, social democrata. E gremista!

Mas foi, com igual pesar com que a torcida colorada pranteou, que gaúchos e goianos se emocionaram, consternados, abismados e incrédulos ante a prematura partida na madruga de sábado, 7 de junho do Grande Capitão, o maior atleta da história do Sport club Internacional: Fernando Lúcio da Costa – o Fernandão. Líder carismático, ético e probo dentro e fora das quatro linhas do campo.

O Rio Grande e Goiás deixaram a passividade de espectadores do “ôba-ôba” que alguns despersonalizados representantes da mídia, atendendo a interesses palacianos, vêm “dourando a pílula” da “Copa das Copas”. Muito, talvez, pelas mesmas razões às da morte de Senna: a ausência de um herói carismático, de um líder probo, de um exemplo a ser seguido.

Fernandão só não fez o Brasil inteiro parar por não ter sido um atleta que contemplasse as expectativas, a exemplo de Ayrton Senna, de toda uma torcida nacional.
Mesmo porque, reforço, comoção e sentimentos nacionalmente manifestados à partida de Senna, nenhum outro terá, a não ser “aquele” em que mais da metade do Brasil há de parar para ter a efetiva certeza de que o “bicho” está mesmo morto!

Comentários

Comentários