“Prefiro a misericórdia ao sacrifício” – Por Dom Jaime Pedro Kohl

 IMG_1180-195x300111111111Este é o título da mensagem do Papa para a Quaresma. Começa lembrando que “na Bula de proclamação do Jubileu, fez o convite para que “a Quaresma deste Ano Jubilar seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus”.

Com o apelo à escuta da Palavra de Deus e à iniciativa “24 horas para o Senhor”, quis sublinhar a primazia da escuta orante da Palavra. Com efeito, a misericórdia de Deus é um anúncio ao mundo, mas cada cristão é chamado a fazer pessoalmente experiência de tal anúncio.

Maria, por ter acolhido a Boa Notícia, canta profeticamente, no Magnificat, a misericórdia com que Deus A predestinou. Deste modo a Virgem de Nazaré torna-se o ícone perfeito da Igreja que evangeliza porque foi e continua a ser evangelizada por obra do Espírito Santo, que fecundou o seu ventre virginal. Na tradição profética, a misericórdia aparece estreitamente ligada com as vísceras maternas e com uma bondade generosa, fiel e compassiva que se vive no âmbito das relações conjugais e parentais.

O mistério da misericórdia divina desvenda-se no decurso da história da aliança entre Deus e Israel. Deus mostra-Se sempre rico de misericórdia, pronto em qualquer circunstância a derramar sobre o seu povo uma ternura e uma compaixão viscerais, sobretudo nos momentos mais dramáticos quando a infidelidade quebra o vínculo do Pacto e se requer que a aliança seja ratificada de maneira mais estável na justiça e na verdade.

Encontramo-nos aqui perante um verdadeiro drama de amor que alcança o seu ápice no Filho feito homem. N’Ele, Deus derrama a sua misericórdia sem limites até ao ponto de fazer d’Ele a Misericórdia encarnada. Jesus de Nazaré enquanto homem é filho de Israel, ao ponto de encarnar aquela escuta perfeita de Deus: “Escuta, Israel! O Senhor é nosso Deus; o Senhor é único! Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças”.

Este é o coração pulsante do querigma apostólico, no qual ocupa um lugar central a misericórdia divina. Nele sobressai “a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado”.

A Misericórdia “exprime o comportamento de Deus para com o pecador, oferecendo-lhe uma nova possibilidade de se arrepender, converter e acreditar”, restabelecendo a relação com Ele.

Em Jesus crucificado, Deus chega ao ponto de querer alcançar o pecador no seu afastamento mais extremo, lá onde ele se perdeu e afastou d’Ele.

Será que ainda tem quem resista a acolhe-lo, conhecendo tamanha misericórdia?

Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osóriodomjaimep@terra.com.br

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