Colunistas

Presente de amigo

Meus caros Leitores.

No período de veraneio, fiquei de espectador da realidade de nossa cidade, de nosso estado, de nosso pais e do mundo. Retorno, agora, a minha rotina e estou procurando entender o que se passou, nestas geografias, de janeiro até agora. Quando o entendimento chegar pretendo escrever sobre as minhas conclusões.

Para não ficar muito tempo longe de vocês, mando uma  “Pajada”que fiz para o meu amigo  Marcelo Leivas, na oportunidade em que me presenteia com um charque feito em casa. Espero que gostem.

Capão Novo, 18 de março de 2010

O meu amigo Marcelo.,

Que é cria lá de São Borja,

Que foi caldeado na forja,

De missioneiras raízes,

E conserva os matizes,

Do pago em que foi criado,

Embora esteja exilado,

Distante do seu torrão,

Traz, dentro do coração,

Guardado com muito afinco,

Os ideais de trinta e cinco

Com orgulho e tradição.

E certo, por tudo isto,

É um taura , de longe visto,

-Na postura e na estampa –

Que toma cachaça em guampa,

E como se fosse um tropeiro,

Troca a iguaria mais rica,

Por um ensopado de canjica

E um arroz de carreteiro.

E o importante do taura

É que é dado a cozinhar

E inventa de preparar

As iguarias campeiras,

Da mesma forma e maneira,

Que os antigos lhe ensinaram,

E  os tempos não apagaram,

O que aprendeu quando piá

E coisa melhor, não há,

Que recordar o passado,

num fogão enfumaçado,

Olhando o pago a distância,

Sonhando- campos de estância,

Embalando o pensamento,

Embora a ilusão – fragrância –

Nos dure poucos momentos

E o amigo fez um charque

Daqueles que no varal,

Curtindo com sol e sal,

Nos atiçam os sentidos,

Colocando água na boca,

Paladar – que coisa louca……

E  nossas ventas olfateando,

Como um  sorro negaceando,

Sentindo a fome ir embora,

Por que está chegando a hora,

Do manjar ir saboreando.

E por extrema gentileza,

por gaúcha natureza,

me ofereceu um pedaço…

Para  mim um presentaço,

De imensa satisfação,

Que logo foi pro fogão,

De um jeito todo especial,

Não precisou nem tirar o sal,

Ou passar água,primeiro,

Te confesso, companheiro,

Foi o melhor carreteiro,

Que fiz, nos últimos anos.

Os meus filhos, veteranos,

Da culinária  gaudéria,

De maneira, muito séria,

Comendo, todos calados,

Olhando, preocupados,

Por sobre os cotos de vela,

De medo que na panela,

Fossem, por outros, logrados.

Te agradeço Marcelo,

Em nome da família Machado,

O Charque que me foi dado,

É muito mais que um presente,

É de uma forma reverente,

Num sonho que não tem fim,

Como num toque de clarin,

O Rio Grande do Passado,

Que retorna renovado,

Perto de um fogo de chão,

Que me aquece o coração

E  num abraço apertado

fica bem perto de mim !

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