Proprietários de cão desaparecido no Litoral viajam mil km para reencontrá-lo
Uma família do Litoral Norte Gaúcho percorreu 991km e mais de 15h de viagem para recuperar um cão perdido.
O caso teve início na virada do ano, quando assustada pelo fogos, a labradora fêmea Kira, de 2 anos, acabou fugindo pela Avenida Paraguassú, em Xangri-Lá.
A partir daí iniciava uma busca incessante que teve como desfecho a cidade de Santa Helena, oeste do Paraná (divisa com Paraguai).
Veja abaixo relato exclusivo ao Litoralmania, da proprietária do cão, Jessica Helena, dando detalhes de todo acontecido.
“No dia 31/12 devido aos fogos, nossa labrador fêmea, Kira, 2 anos, assustada aprendeu a pular a janela da cozinha. Como tínhamos visita (amigos e familiares), no dia 01/01 alguém deixou a porta da frente aberta e ela fugiu da nossa loja, próximo as 19h, na Paraguassú, em Xangri-Lá.
Desde então começamos a procura incansável. No dia 02/01 fizemos publicações, e no dia 03/01 começamos a espalhar cartazes (entre as praias de Rainha do mar, a Arroio Teixeira).
Logo as procuras tomaram uma proporção muito grande, tanto pela bondade incrível das pessoas, quanto pela recompensa que estava sendo oferecida (R$500,00) para quem achasse ela. Tivemos muitas ligações, mensagens de apoio, mais de 900 compartilhamentos na rede social e também muitos alarmes falsos, mas que em nenhum momento nós fizeram desistir. Foram feitas montagens, vídeos, para que facilitasse a identificação dela.
No dia 03/02, sexta, uma menina mandou um “whats” com um print de uma publicação do amigo dela, do dia 01/01, que dizia ter encontrado um labrador fêmea, nova, bem cuidada, que certamente estaria perdida. Como na publicação havia fotos, logo identifiquei, e não tive dúvidas que era a Kira. A moça (Paula do estado São Paulo) me passou o contato do dono da publicação (Lauro de SP também). Liguei inúmeras vezes, mandei msg no Whats e no Messenger, e nada. Mais tarde, ele me respondeu, dizendo que ele só publicou, mas quem tinha achado ela, dado banho e comida, era a cunhada dele (o que ele sabia dizer é que uma família do Paraná havia levado).
Prontamente ele falou com a cunhada dele (que mora no Canadá). Demorou um pouco, e ele me passou o contato da tal família. O Lauro explicou que como eles não eram daqui e como nenhuma pet shop ou veterinário quis ficar com ela, eles viram que está família tinha interesse, então deixaram eles levarem, com a condição de deixar o contato deles, para caso achassem os donos ( ela fugiu no dia 01/01, a família achou ela no mesmo dia, e foi embora)
No mesmo dia, entrei em contato com o Gabriel (ele estava em um rodeio e só poderia falar comigo certinho na segunda). Ficamos aflitos até segunda, quando entrei em contato na segunda e terça, mandando mensagem e ligando, ele lia as mensagens e não respondia, nem atendia (logo pensei que não iam devolver).
Até que na quarta, ele começou a falar comigo, alegando que estavam muito apegados nela, e que a família não queria devolver. Ficamos desesperados, sem saber o que fazer. Em todos os casos na sexta quando falei com ele, ele deu o endereço dele, pois havia concordado em devolvê-la (procuramos no Google e bateu com o que ele havia dito, que era um sítio na cidade), mas como ele falou com a família durante o final de semana, eles não aceitaram.
Até o final da semana, com muita calma conseguimos convencê-lo que ela deveria voltar para a família dela, sendo assim ele mandava fotos e vídeos, para matarmos a saudade. Mesmo assim, estávamos muito desconfiados, achando que poderíamos chegar lá, e eles terem tirado ela de lá. Ou até mesmo trocado por outra labrador, para parecer não ser a nossa. Meu esposo Fernando saiu de Xangri-Lá no dia 15/02, as 5h da madrugada, foi ele, nosso amigo Dangelo (Osório) e o primo dele Rafael (Gravataí). Ele pegou eles em suas casas e foram para o Paraná.
Atravessaram a região central do estado e seguiram viagem pela região oeste de SC e Paraná, passando pelas cidades de Lajeado, Chapecó entre outras, após 991km e mais de 15h de viagem, chegaram a cidade de Santa Helena, oeste do Paraná (divisa com Paraguai).
Foram recepcionados pela família, ao abrir o portão da casa, ele foi recebido pela Kira, que imediatamente o reconheceu, pulando e brincando. Logo, conversou um pouco com os moradores e foram para o hotel (deixaram a Kira com a família, buscando-a pela manhã do dia 16/02).
Pela manhã, às 6:30, tomaram café e foram pegar a Kira, agradeceram a família pelo cuidados que tiveram com ela e seguiram viagem de volta. Saindo da cidade, abasteceram o carro, e em 1 km andado, o veículo começou a apresentar problemas (bateu válvula e vazou todo o óleo).
Passando cerca de 2h (após ser resolvido o problema com um mecânico) seguiram viagem, chegando em Osório para dormir a 1:30 da madrugada, de 16/02 para 17/02 (aproximadamente).
No dia 17/02 eles (Fernando e Kira) chegaram, era 12:30 na loja em Xangri-Lá. Eu e a Kira nos reencontramos, logo ela viu o Greg (maninho dela), fazendo uma folia.
Somos gratos a todos que nos ajudaram, sendo procurando, compartilhando nossas publicações, fazendo promessas e orações.
(Quanto a recompensa tanto a Paula, quanto o Lauro, não aceitaram, alegando que jamais cobrariam por ajudar o animal de estimação voltar para sua casa).”
