Jayme José de Oliveira

Uma empresa americana prepara o lançamento do primeiro peito de frango sintético, elaborado a partir de células-tronco.

Células-tronco têm a capacidade de se transformarem em qualquer tipo de células no organismo e se reproduzirem ad infinitum. Usando uma metáfora, são como tijolos com os quais se pode construir uma casa, um hospital, um templo ou mesmo um lupanar. Existem em grande quantidade no organismo e estão disponíveis, inclusive, para regenerar agressões sofridas por órgãos.

O cultivo da “carne celular” pode revolucionar a produção de alimentos e acabar com o sofrimento e sacrifício de milhões de animais.

A empresa norte-americana UpsideFoods inaugurou na região de São Francisco, Califórnia, uma unidade construída para fabricar e comercializar carne de frango produzida a partir de células-tronco. Carne bovina, de pato e lagosta a seguir. A empresa, fundada em 2015, utiliza a mesma tecnologia usada para cultivar células-tronco com fins medicinais, inclusive para reparar danos no coração.

Inicialmente o investimento pode alcançar U$ 25 bilhões até 2030, pouco se considerarmos que o setor carne movimenta U$ 1,4 trilhão. A inciativa representa apenas o início, o futuro se apresenta promissor.

O primeiro hambúrger elaborado a partir de células-tronco foi produzido pela Universidade de Maastrich, na Holanda.

Os opositores alegam que o consumo em massa pode trazer riscos à saúde, criando alérgenos ou causar outros malefícios. Considerado um grande avanço na época da introdução, a gordura vegetal hidrogenada (margarina) revelou, décadas após a implantação, ser causadora de vários problemas à saúde.

A consultora norte-americana DWH lembra que há ainda um longo caminho a percorrer antes de produzir a preços competitivos, considerando o custo atual de U$ 37 por quilo de carne bovina. Mesmo quando esse problema for resolvido será difícil produzir carne celular em grande escala. Uma megafábrica, capaz de produzir 10 mil toneladas/ano exigiria 430 tanques de 2.500 litros, 130 biorreatores (com 12 mil litros cada um), 15 tanques de armazenamento e vários elementos acessórios. A carne celular é cultivada em tanques cheios de aminoácidos e nutrientes, os biorreatores.

A empresa extrai, sob anestesia local, um pedacinho de carne do animal doador. Este fragmento contém células-tronco musculares que são capazes de se transformarem em fibras. A amostra é dissolvida em enzimas nos tanques em que se reproduzem por 7 a 8 semanas. As células continuam a se multiplicar e são colocadas em tanques maiores,10 mil litros de capacidade, os biorreatores. Dentro deles há moldes feitos de colágeno onde elas aderem. Após 3 semanas são retiradas dos tanques, secas e processadas, ficando com aparência de carne moída. Podem ser prensadas para adquirirem as formas desejadas pelos consumidores.

É um pequeno passo, a caminhada é longa… a meta será atingida como aconteceu com todas as realizações humanas. Iniciam rudimentares, evoluem constantemente.

Desde o primórdio da civilização o cérebro humano procurou alternativas para sobrepujar as dificuldades que o meio ambiente hostil criava. Um corpo frágil, lento, indefeso, parecia ser destinado à extinção, como inúmeros outros o foram e continuam sendo. Mas, felizmente houve um mas que o catapultou ao píncaro da criação e permitiu que sobrepujasse todos os obstáculos e vicissitudes: o cérebro.

É comum que, para depreciá-lo, se compare a capacidade do nosso cérebro com a velocidade de processamento dos modernos computadores. O SX-9 da NEC tem a capacidade de efetuar 839 trilhões de cálculos/segundo.

O cérebro humano, 1.200 gramas, é o coordenador de todas as atividades do organismo, Desde a percepção da dor, as funções autônomas como a digestão, a reprodução celular (cada fio de cabelo necessita um estímulo constante para crescer, por exemplo), movimentação dos músculos, visão, audição, tato… são inúmeras e constantes as atividades gerenciadas, a cada segundo.

Pensam que 839 trilhões/segundo é uma quantia insuperável? O cérebro executa 10 quatrilhões/segundo. Para complementar, os computadores foram criados por humanos, não são autônomos, exigem para funcionar o comandode um cérebro.

 Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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