Rescaldos da Feira do Livro de Osório

Ainda que de forma discreta, os ligados à cultura, ao livro, enfim, não podem afirmar desconhecer a polêmica havida entre o escritor Rodrigo Trespach, presidente da Academia dos Escritores do Litoral Norte (AELN) e a decisão da Comissão Organizadora da 27ª Feira do Livro de Osório, ante a escolha por entidades diretamente ligas à Cultura, de patrono não escritor para aquele evento.

Trago à luz os argumentos do citado presidente da AELN em sua crônica “Festa da Leitura(?)”, publicada neste Litoralmania em 19/11 último, os da Profª. Suely Braga – membro da Comissão Organizadora daquela Feira –, em esclarecedor e-mail a mim endereçado, bem como minhas conclusões sobre o imbróglio.

A bem da verdade ignoro se a manifestação de Rodrigo Trespach tenha sido na qualidade de representante da AELN e, se assim fora, se todos os membros da Academia eram concordes com seu presidente.

O correto é que, por vez primeira, em quatro anos, a AELN deixou de ter banca própria na Feira do Livro de Osório.

Assim, quem eventualmente possa ter sofrido com as farpas das discordâncias foram os escritores/autores integrantes da Academia, que, reitero, nos últimos quatro anos manteve banca própria nas Feiras do Livro de Tramandaí, Imbé, Capão da Canoa e na própria Osório.

Rodrigo Trespach contesta a escolha argumentando que “… a visão de que há necessidade de conceder a patronagem, pela terceira vez nos últimos quatro anos, a alguém que sequer tem livro publicado ou mesmo produção literária, já indica que a “festa da leitura” de Osório não segue caminhos definidos. Qual a função do patrono, faz parte da decoração?”(sic).

A Profª. Suely Braga, membro da AELN e também da Comissão Organizadora da Feira do Livro de Osório em defesa desta alega que “a Comissão é formada por todas as entidades educacionais e culturais de Osório e o Patrono é sempre escolhido por consenso. Já há tempo decidimos que o Patrono tem que ser daqui. Não adianta pagar um dinheirão para um famoso escritor ser Patrono, que vem na abertura, faz uma palestra e vai embora”(sic).

Ambos estão parcialmente com a razão: Trespach quando defende a escolha sobre o nome de um escritor com obra literária largamente conhecida e a Professora quando sustenta que o Patrono “de fora” não permanece (a exemplo da de Porto Alegre) o tempo integral de duração da Feira, participando de todos os seus eventos, cobrando um cachê expressivo, dando uma rápida palestra e “bye, bye, amor que já me vou embora”.

Os livreiros, quando apostam num evento como Feira do Livro, armam suas bancas e deslocam seu acervo para o local da festa literária; é justo, pois, almejarem que, ao menos não irão auferir prejuízos.

A Feira do Livro seja ela em que recôndito rincão acontecer precisa ter luz e glamour. E isso somente acontece com a presença de um autor de renome, com obra literária largamente conhecida pela comunidade.

Então, a condição de homenageado regalada a quem – não necessariamente um escritor com obra publicada – dedica grande parte de seu tempo a divulgar a Cultura aos seus concidadãos será, aí sim, o mais justo galardão.

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