Ritos Sociais e Saúde Mental* – Dr. Sander Fridman

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Foto: Dr. Sander Fridman é Doutor em Psiquiatria pelo IPUB/UFRJ. Atende Neuropsiquiatria, Psicanálise Cognitivista, Transtornos Sexuais e Relações Conjugais.

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Os rituais coletivos, as festas agrárias, os encontros religiosos, os costumes de amizade,lealdade, namoro, família, criação de filhos, morte e luto, são vistos por alguns como fatos sociais deslocados no tempo. De fato, Durkheim, ao inaugurar a assim chamada sociologia científica descreveu o fenômeno do desenraizamento e desaculturamento dos migrantes da vida rural para as grandes cidades na Europa do início do século passado, onde as formas de solidariedade se transformariam, deixando para trás complexos papéis sociais e culturais de cada pessoa face à sua sociedade, em favor de laços de solidariedade muito restritos, centrados em capacitação profissional e individualidade. Entendia-se que assim era a modernidade, e,como tal, o futuro.

Ao longo do século XX e depois, impossível não associar modernidade com desenvolvimento de novas tecnologias, como se o novo superasse, e como tal fosse necessariamente melhor ou mais correto do que o tradicional.

Os rituais coletivos, entretanto, não são meros fatos da natureza a serem superados ou subjugados, mas sim tecnologias sociais ricas e efetivas que se desenvolveram ao longo de milhares de anos, e que serviam ao homem em seu tempo, em suas necessidades individuais afetivas e materiais.

A visão materialista, que pretende superar a necessidade das antigas estruturas sociais baseadas em laços de lealdade transgeracionais, fundadas em fortes valores transmitidos dentro de casa, erige em mito fundamental não mais a família e a comunidade, mas um homem ou mulher solitários, desenraizados, sem pertencimento, disponíveis para trocar trabalho por meios econômicos, independentemente de laços de amizade, compromisso e pertencência.

Paradoxalmente, esta visão de ser humano se torna ainda mais aguda nas sociedades ditas coletivistas, ou comunistas, em que as tradições, religiões e congregações não só se dão por superadas pela modernidade, como restam inclusive, não raro, proibidas, como se competissem com o poder polarizador do Estado e do Lider Supremo.

Num ambiente de economia moderna, as festas, tradições e ritos sociais preservam a capacidade das pessoas de se alegrarem e transcenderem por meio de sentimentos cultivados desde a infância, passados de pai para filho, e que preenchem as necessidades existenciais de um sentido de valor e de apreço social. Conectam os indivíduos do presente com a memória da trajetória e dos valores de seus antepassados, com o modo como se alegravam e viviam, para si e para os demais. E assim projetam um sentido de construção e busca permanentes para um futuro pleno de valores e significados, fomentando a coesão social, que resulta num maior comprometimento através do trabalho individual e coletivo, levando a sociedades mais ricas, felizes e bem-sucedidas.

* Dr. Sander Fridman – Psiquiatra pela ABP/MEC, Doutor em Psiquiatria pela UFRJ

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