Colunistas

Santo Antônio da Patrulha: Negro Drama (seq. prod. XXII)

O grande fator para o surpreendente sucesso de um grupo de Mc`s, do estilo dos Racionais, e a sua difusão entre as periferias e a juventude brasileira é a linguagem por eles falada. Em Santo Antônio da Patrulha também percebemos esta influência e idolatria.

Como as duplas sertanejas que em suas músicas e letras românticas tocam no coração e sentimento humano, os Racionais fazem os jovens raciocinarem e refletirem sobre sua própria realidade e necessidades. O dia-a-dia é exposto de uma forma que insulta a sociedade, mostrando algo que não espelha a novela das seis, sete ou oito. Sem julgar a real importância de um trabalho que parece utópico, mas abrir um espaço para o debate e discussão de problemas existentes dentro de dimensões paralelas: violência, corrupção, crime, racismo, abandono, sexo, drogas e um colapso social em rota de colisão permanente contra o cidadão — temas geralmente tão abafados. Os governantes não dão a atenção devida a esses casos, enquanto a sociedade finge que nada vê, ou que o problema não é com ela. Aqueles que estão no poder — em sua maioria — preferem manter as pessoas na ignorância de seus verdadeiros direitos, garantidos em uma Constituição recente.

Seriam, os Racionais, críticos do sistema? Eles abordam situações e sentimentos de um cotidiano que certamente é partilhado por milhões de brasileiros e muitos patrulhenses. Não apenas quem mora na periferia entende e curte o som deste grupo. O jovem mais politizado que discorda destas desigualdades sociais latentes também o escuta.

É correto afirmar que os letristas dessas músicas carregam em si o peso de uma sociedade violenta e discriminatória que os excluiu.

Possivelmente o habitat deles não se assemelhe em nada com a rotina de milhões de brasileiros, o que não descaracteriza uma realidade vigente. Considero isso um nicho um tanto específico, ou seria a vida de uma pessoa como você?

Talvez aí se encontre a explicação do recorde de bilheteria do filme “Tropa de Elite”: a realidade, a verdade nua e crua, que choca e enoja o cidadão que diferencia o bem e o mal, o certo e o errado.

E precisa de um grupo de Mc`s para politizar o jovem? Esta lacuna fica aberta pelo Estado, que deixa a ferida aberta, podendo,  assim, como uma infecção hospitalar, abrir espaço para os vírus sociais: traficantes, ladrões, políticos corruptos, e assassinos.

Comentários

Comentários