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Ser brasileiro só ajuda, diz candidato à direção-geral da OMC

Candidato do Brasil ao cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) e representante brasileiro na entidade, o embaixador Roberto Carvalho de Azevêdo criticou hoje (10) a paralisia nas negociações multilaterais. Segundo ele, essa paralisia preocupa, pois impede o aprimoramento e os avanços em vários setores da economia internacional. Se eleito, Azevêdo disse que pretende incentivar a busca por consensos e conciliação.

“Ser um brasileiro e vir do Brasil, ter esse histórico, é um ativo que só ajuda”, disse o embaixador. “O Brasil é visto [pelos demais integrantes da OMC] como um ativo, não um passivo. É membro fundador da OMC, um país que é propositivo e que apresenta soluções. O Brasil está construindo consensos.”

Antes, porém, Azevêdo reclamou da paralisia que há no momento, que, para ele, pode ser provocada pela crise econômica internacional, que atinge principalmente os países da zona do euro (as 17 nações europeias que adotaram a moeda única), e pelas dificuldades nos Estados Unidos. “A maior preocupação é que vivemos um momento em que o sistema multilateral está paralisado, sobretudo, nas negociações.”

Azevedo considera a área de negociações é fundamental: “É a área mais importante para a evolução e o aprimoramento e está absolutamente paralisada. É preciso articular consensos, tendo trânsito, ouvindo a todos”. O embaixador destacou que a busca de consensos tem sido o principal pilar do Brasil nas negociações e negou que o país sofra restrições externas por causa de medidas protecionistas.

“No G20 [grupo que reúne as maiores economias mundiais], o Brasil está fazendo propostas na área agrícola – essa capacidade do Brasil é  conhecida por todos na OMC. Medidas que desagradem [sempre existem]. Todos fazem isso. Isso é normal. Para isso, a OMC tem mecanismos de consulta. As dificuldades que possam surgir, às vezes, terminam no mecanismo de solução de controvérsias, que dá soluções desapaixonadas”, destacou.

Aos 55 anos, Azevedo enfrentará oito candidatos na disputa pelo cargo de diretor-geral e busca apoio dos latino-americanos e africanos. No próximo dia 29, os nove candidatos apresentarão suas propostas. A eleição ocorrerá em 31 de maio.

Antes da entrevista coletiva hoje, Azevêdo se reuniu com o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, e o subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, Valdemar Carneiro Leão.
“[A minha candidatura] é uma decisão de Estado. A decisão foi pautada pelo desejo nosso de contribuir com o sistema multilateral, num momento difícil, sobretudo na área de negociações”, disse o embaixador.

Além de Azevêdo, concorrem à direção-geral da OMC Alan John Kwadwo Kyerematen, de Gana; Anabel González, da Costa Rica; Mari Elka Pangestu, da Indonésia; Tim Groser, da Nova Zelândia; Amina C. Mohamed, do Quênia; Ahmad Thougan Hindawi, da Jordânia; Herminio Blanco, do México, e Taeho Bark, da Coreia do Sul.

O nome de Azevêdo tem apoio da presidenta Dilma Rousseff e de distintos setores do governo, como o Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e Comércio. O embaixador é apontado como um dos mais preparados especialistas em política comercial do governo brasileiro. O comando da OMC é exercido pelo diretor-geral, presidente do órgão revisor e presidente do mecanismo de controvérsias.

Diplomata de carreira, Azevêdo, de 55 anos, é o representante permanente do Brasil na OMC, na Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), no Conselho das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) e na União Internacional de Telecomunicações (UIT). Ele construiu sua carreira na área de economia e comércio internacional, em especial de resolução de litígios.

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