Ser ou não ser dizimista – Dom Jaime Pedro Kohl

Dom Jaime Pedro Kohl

Ser ou não ser dizimista

Ser ou não ser dizimista será que muda alguma coisa na vida dos cristãos? Aparentemente não, mas se escutarmos o testemunho de quem faz a experiência do dízimo de forma radical muda sim, e muito. As pessoas sentem-se realmente agraciadas e beneficiadas. Tudo parece se encaminhar na serenidade e paz. As coisas se ajustam e o sentimento de gratidão aflora como nunca. Parece que a fé se torna mais consistente e concreta no gesto da partilha.

O evangelho deste domingo traz o milagre da multiplicação dos pães realizado por Jesus numa atitude de compaixão, definido como o milagre da partilha. É bonito perceber que Jesus para matar a fome da multidão quis precisar dos cinco pães e dos dois peixinhos que um menino trazia no seu fardel. Se quisermos temos aqui um indicativo importante para compreender o significado do dízimo. O dízimo como partilha. O pouco de muitos doado de coração consegue suprir as necessidades de muitos.

A diocese de Osório tem agendado para esses dias,de 19 a 25, a Semana Diocesana do Dízimo.O primeiro objetivo não é arrecadação, mas conscientizar sobre a importância da participação dos cristãos na vida da Igreja. Ser dizimista significa ser parte de um corpo vivo que é a comunidade. É muito mais que dar dinheiro.É a maneira de sentir-se parte e comprometido com a comunidade. Somente quem tem esse sentido de pertença assume o dízimo com regularidade e fidelidade.

Como expressa o doc. 106 da CNBB: “O cuidado com a motivação permanente em vista do dízimo está relacionado com a vivência integral da fé, que implica também a inserção na comunidade eclesial. Promove-se o dízimo cultivando a fé”. Portanto, a fé dá sentido ao dízimo. Quando essa falta se torna taxa, imposto. “Para dar dinheiro, basta tê-lo; para devolver o DÍZIMO, é necessária a fé!”

Quem faz a experiência do dízimo, movido pela fé, sente-se bem, feliz e realizado. A opção por partilhar o dízimo não deve ser motivada pelo medo do castigo, mas pela alegria de poder colaborar com a sua paróquia.Acreditamos que a decisão de partilhar o dízimo nasce de um coração convertido e agradecido por ter encontrado Deus e experimentado a beleza de sua presença amorosa.

O católico custa entender que ser dizimista é sinal de conversão e vivência da fé.A meu ver, a iniciação à vida cristã dos jovens ou adultos para ser completa deveria contemplar também o engajamento na experiência do dízimo. Mesmo que pouco, mas doado de forma sistemática subtraindo algo da própria mesada, é profundamente educativo. Estou convencido que enquanto a pessoa não participa do dízimo não está plenamente convertida. Acompanhemos as iniciativas da Pastoral do Dízimo em nossas paroquias.
Para refletir: O que entendo por dízimo? Consigo compreender o seu significado e motivação? Já fiz essa experiência de forma livre e consciente? Que resultados e reflexos teve sobre o meu viver cotidiano? Que tal começar essa experiência e observar seus reflexos em mim e na minha família?

Textos Bíblicos: 2Rs 4, 42-44; Ef 4, 1-6; Jo 6 1-15; Sl 144(145).

Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório

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