Também estou sentado à beira do caminho

Em meu artigo editado no dia 18 de agosto último neste Litoralmania, sob o título de “Olha eu aqui no feicibuque”, fiz uma crítica consubstanciada pela magnífica obra de Jorge Orwell, “1984”.

A obra de Orwell retrata o mundo dividido em três grandes superestados: Eurásia, Lestásia e Oceania. O enredo, sob a perspectiva da Oceania, mostra como o Estado vigia os indivíduos e mantém um sistema político cuja coesão interna é obtida não só pela opressão da Polícia do Pensamento, mas também pela construção de um idioma totalitário, a Novilíngua, que, quando estivesse completo, tornaria o pensamento das pessoas cada vez mais igual e impediria a expressão de qualquer opinião contrária ao Partido.

Posicionei-me defensivamente (contrariamente seria demasiado exagero) quanto ao uso das ferramentas que a Internet oferece, sobretudo na inconsequente permissão que outorgamos a terceiros e, muitas vezes, por nós desconhecidos, de invadirem – pelo menos ainda para mim – nossa tão preciosa privacidade.

Escusado reafirmar as benesses que essa tecnologia se nos oferece. Agora mesmo estou dela me valendo para enviar a amigo, em Porto Alegre, a indispensável autorização para exercer junto a determinada empresa atos em meu nome, valendo-me do scanner e do e-mail, Rápido e eficiente. A greve dos carteiros, neste particular, não mais me afeta.

É, também, através do e-mail que solicito e presto favores, opiniões e informações aos meus camaradas. Com parecida (igual seria exigir demais do outro) presteza com que respondo gostaria que me fossem satisfeitos. Não é, infelizmente, o que em algumas ocasiões ocorre. Passam-se os dias – não poucas vezes, mês – e minha espera tranquila passa à desistência.

Da professora, que sequer fizera menção de ter recebido minha história infanto-juvenil para avaliação; do confrade de literatura, que nos descaminhos do esquecimento, extraviou o original de meu conto. Em agravante ao desinteresse por eles demonstrado materializa-se o envio de e-mails com piadinhas do tempo do rei, poeminhas e mensagens de autoajuda com o indefectível e brega fundo musical. Significa que não apenas não se encontram ausentes como sequer abrem o correio eletrônico, repassando-as (as mensagens), ao Deus dará, àqueles que integram o seu catálogo de endereços.

“Eu não posso mais ficar aqui
A esperar!
Que um dia de repente
Você volte para mim…”

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