Tradicionalismo com Paixão Cortês na 11ª Feira do Livro de Torres
As músicas, danças e outras tradições preservadas nos CTGs eram praticamente desconhecidas quando o movimento se iniciou. A recuperação delas foi trabalho de pouca gente e, nele, Paixão Côrtes teve um destaque especial. Mais de 500 pessoas assistiram a apresentação que teve como mediadores a anfitriã Liege Barbosa e o tradicionalista Ajos Dutra.
Paixão relatou seus esforços para resgatar a essência da cultura do Estado, desde o começo, quando lançou as bases do movimento de tradições gaúchas, em 1947, até os dias atuais. Não foi tarefa fácil o trabalho de pesquisa em busca da cultura de raiz do povo gaúcho. “As pessoas tinham vergonha, medo de se vestir de gaúcho. Mesmo patrões e empresários eram barrados em sedes sociais por não estarem vestidos adequadamente”, recordou. Foi uma empreitada particular sem apoio de governo ou patrocínio comercial. Mas não foi solitária. Paixão tinha com ele o jornalista Barbosa Lessa, já falecido, e outros colegas. “Íamos de carona, chegando a cada cidade, conversando sempre com pessoas antigas, de 70, 80 e 90 anos, e anotávamos tudo”, contou. Assim percorreram o sul do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
A plateia ficou magnetizada pelo historiador que é o maior pesquisador do folclore do litoral e também serviu de modelo para o monumento ao Laçador. Entre as revelações ele falou sobre a importância de Torres no contexto cultural do Estado. “Torres sempre foi um referencial histórico do Rio Grande do Sul, foi aqui, há muitos anos, que aprendi passos de danças e letras de músicas gaúchas”. “Conheci a dança da cana verde e do caranguejo nesta região. O maior repertório de danças e músicas gaúchas do Estado está entre Torres e São José do Norte”, considerou.
Paixão tem nada mais nada menos que 87 publicações. E sobre este assunto manifestou um desejo. “A literatura do povo merece ter seu espaço ao lado da erudição das grandes obras”. “O litoral tem uma riqueza cultural vastissima. Aproveitem esse manancial folclorico e façam com que o litoral deixe de ser somente mar para ser também cultura”, sugeriu.