Três Cristos, O Binômio Ciência/ Empatia E A Esquizofrenia

Sergio Agra

Assisti há poucos dias através do streaming Netflix ao filme “Três Cristos”, baseado na história real do psicólogo americano de origem polonesa, Doutor Milton Rokeach.

No processo de se aproximar do trio e entender mais de suas doenças, o médico tem que lidar com o fato dos pacientes alegarem ser a reencarnação de Jesus Cristo. Em seu trabalho o Dr. Rockeach aborda a humanização da psiquiatria ao mostrar estudo com três pacientes que acreditavam ser Jesus Cristo.

Não fora somente o excelente filme, estrelado por Richard Gere no papel de Dr. Alan Stone (nome emprestado na obra cinematográfica ao psiquiatra Milton Rokeach), que me induziu a escrever sobre essa excruciante doença mental. Nós mesmos não estamos isentos de sermos portadores de transtorno mental (ansiedade, depressão, vez que a estatística aponta 9,3% e 5,8%, respectivamente, da população brasileira) e constatar que em nossa lista de amigos alguém padeça de esquizofrenia em suas diferentes classificações (Paranoide, Hebefrênica, Catatônica, Indiferenciada, Depressão pós-esquizofrênica, Residual e Simples).

Na década de 1950, a lista de tratamentos para as pessoas diagnosticadas com transtornos mentais era muito bem definida: coma induzido por insulina, prescrição de antipsicóticos, terapia com eletrochoque e lobotomia pré-frontal, ou seja, a retirada de uma parte do cérebro, como ocorreu com Rosemary Kennedy, irmã de J.F.K. lobotomizada por ordem do pai.

O uso de psicoterapia era mínimo.Como se vê, o protocolo clínico tradicional não tinha nada de sutil. Imperava a agressividade, a intervenção profunda e traumas decorrentes desses procedimentos.

Quando ingressou no YpsilantiState Hospital em 1959, Milton Rokeach já era um conceituado e influente psicólogo. Dessa forma, quando o profissional conheceu pacientes diagnosticados como esquizofrênicos paranoides que acreditavam ser Jesus Cristo, ele conseguiu colocar em prática um estudo de origem “pouco ortodoxa” onde tinha como objetivo tentar devolvê-los à lucidez. E, claro, sem qualquer eletrochoque. O estudo de Rokeach tinha como base fazer com que os três pacientes que acreditam ser Cristo, convivessem juntos todos os dias. Assim, Rokeach esperava que por meio de confrontos constantes entre os pacientes sobre suas crenças, e a básica bíblica que afirma que existe apenas um Cristo verdadeiro, os três homens acabariam por aceitar seus delírios exatamente como isso, livrando suas mentes da doença.

No fim de tudo, o psicólogo acabou sendo acusado por alunos e outros profissionais que o seguiram durante seu estudo. Para várias pessoas, os métodos usados por ele foram antiéticos, e por vezes cruéis, já que causavam grande sofrimento psicológico aos pacientes.

Rokeach admitiu que falhara em seu estudo e que se arrependia do modo pouco ético como interferiu na vida cotidiana daqueles homens.

“Embora eu tenha falhado em curar os três Cristos de suas ilusões, eles conseguiram curar a minha – da minha ilusão divina de que eu poderia mudá-los organizando e reorganizando onipotentemente e oniscientemente suas vidas diárias dentro da estrutura de um ‘total instituição’. […] Eu realmente não tinha o direito, mesmo em nome da ciência, de brincar de Deus e interferir dia e noite em suas vidas diárias”.

A Esquizofrenia é uma doença mental crônica, que não tem cura e deve ser tratada durante toda a vida do paciente para melhorar a sua qualidade de vida. O esquizofrênico tem dificuldades em interpretar a realidade e discernir o que é real e o que não é. Os sintomas da doença, além de prejudicar as relações interpessoais do paciente, também podem limitar a sua capacidade de executar atividades cotidianas.

Os principais sintomas desse tipo de Esquizofrenia são as alucinações, delírios, sensação de perseguição e pensamentos sobre conspirações. Normalmente, as alucinações e os delírios giram em torno do mesmo tema e se mantêm consistentes ao longo do tempo.

Na esquizofrenia existem delirios e alucinações. No transtorno de personalidade paranóide existe uma hipervigilância, ciumes.

As pesquisas sobre as causas da esquizofrenia ainda são inconclusivas. A hipótese mais aceita é de que a doença seja multifatorial, sugerindo que os sintomas se desenvolvem em pessoas com alguma vulnerabilidade biológica, crescimento em lar permanentemente conflituoso, com pais levianos e indiferentes, vítima infantil de abuso sexual somados a inveja/despeito profissional e situação socioeconômica e agentes estressores psicológicos, ambientais ou físicos.

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